Texto atualizado
DanyJoy Pontes, de 23 anos, morreu “misteriosamente”, na madrugada de 15 de setembro, num estabelecimento prisional de Lisboa. A mãe, Alice Santos, foi informada da morte por telefone e até então nunca viu o corpo do filho, por isso, recorrentemente através das redes sociais, dá o grito de socorro, clamando a verdade e justiça pelo seu filho.
Alice Santos descreve o filho como um jovem “saudável, tímido, de poucas amizades e apegado a família”. DanyJoy Pontes tinha curso profissional de cozinha e hotelaria, inclusive já trabalhou na área.
Há cerca de um ano que o jovem são-tomense foi detido, acusado e condenado,em 12 de julho do ano passado, a seis anos de prisão pelo furto de um telemóvel. Antes da sentença “ficou 11 meses em prisão preventiva, sem julgamento, sem nada”, revelou a mãe, que diz nunca ter abandonado o seu filho na prisão.
Após a condenação DanyJoy, continuou sob a guarda do Estado português num estabelecimento prisional de Lisboa onde ‘misteriosamente’ “morreu durante o sono”.
“Eu ainda não vi ele morto”, explica a mãe do DanyJoy, que desmaiou-se quando recebeu, por via telefónica, a notícia da morte do filho.
“Quando ele foi julgado, ele pôs meu nome e o nome do irmão [como visitantes]. Só me deixavam entrar, mas o irmão nunca” , disse referindo que nunca lhe explicaram o causa do impedimento.
“O que mais me choca é que meu filho foi morto a cuidado do Estado, e o Estado abafou o caso, como se fosse cão, porque se fosse um filho dos portugueses que faleceu na cadeia e que encontraram na cama morto, isso passava em todos os canais[…] eu aposto, com certeza absoluta, que os familiares iriam reconhecer o corpo”, desabafou, perante a pouca notoriedade que a morte do seu filho teve nos órgãos de comunicação social portuguesa, apesar da solicitação feita pela família.
“Quem morreu não é cão. Tem família, é estudado, tem uma família que preocupa com ele […] então, eu quero justiça da morte do meu filho. Eu quero a Justiça!”.
Alice Santos tem 4 filhos, um deles com 17 anos que partilhava o quarto com o DanyJoy, e conta que o mesmo “não consegue mais dormir em casa”.
“É uma dor que não tem fim, e é um vazio que você sente quando entra para quarto e olha na cama dele e vê um vazio. Vê cama dele, vê sapato, vê roupa, vê livros, vê diploma que ele recebeu na escola”.
Alice Santos apela as autoridades portuguesas e são-tomenses para que a deixem ver o corpo do filho “antes de ser enterrado e saber a causa da morte”.
“Eu vim com meus filhos para aqui [em Portugal], em busca do melhor […] O que aconteceu lá [na prisão], é a responsabilidade do Estado. O governo português tem que assumir a responsabilidade do meu filho, tem que assumir, porque é muito triste e muito triste mesmo…!
Até ao momento nenhum dirigente são-tomense pronunciou-se pública e oficialmente sobre este caso.
Sabe-se que a Embaixada de São Tomé e Príncipe em Portugal teria contactado a família, mas durante a entrevista à RSTP, Alice Santos, disse que não teve seguimento da embaixada.
Durante a entrevista de Alice Santos à Solange Salvaterra Pinto, no programa perguntas incómodas, em direto na RSTP, o secretário de Estado para a Comunicação Social, Adelino Lucas, através de um comentário, referiu que “a situação é deverás triste e preocupante”.
“Na verdade não pode ser de forma alguma aceite que alguém que pereça numa cadeia em Portugal, que as autoridades portuguesas ligadas a área “limpem as suas mãos” e atirem tudo para a família, querendo inclusive que seja a família a pagar os dias em que o corpo permaneça na morgue”, escreveu o membro do Governo são-tomense durante a entrevista à mãe de DanyJoy no facebook.
Adelino Lucas considerou ainda que “é por outro lado inadimissivel que tenha que ser a mãe do falecido a arcar com as custas do advogado, este que por seu turno “carrega” de forma assustadora as custas do trabalho a desenvolver.
“É muito triste a situação desta senhora-mãe. Que de facto a embaixada de São Tomé e Príncipe em Portugal se assuma como embaixada (?) e se faça presente! De resto que a corrente de solidariedade para a família se faça!”, esreveu o secretário de Estado.
No ano passado o jovem são-tomense, Wiston Rodrigues foi brutalmente assassinado em 24 de maio, num bairro do Seixal, em Portugal, mas até ao momento também não houve reação oficial do Governo, apesar da promessa do primeiro-ministro Jorge Bom Jesus, em 6 de agosto de 2020, na Grande Entrevista à RSTP.
“Eu vou pedir pelos canais próprios… nós temos estado a acompanhar, vamos acompanhar o processo, até porque cabe ao Governo defender todos os são-tomenses, dentro e fora do país”, garantiu, Jorge Bom Jesus, há mais de um ano.
O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa chega em São Tomé e Príncipe, esta sexta-feira, para a cerimónia de posse do novo Presidente da República, Carlos Vila Nova, no dia 2 de outubro.