Mais uma antiga estagiária da Rádio Nacional são-tomense acusou o diretor da instituição de tentativa de abuso sexual, cerca de uma semana depois de Silvério Amorim ter sido suspenso por suspeita de assédio sexual contra um grupo de estagiárias e funcionárias da instituição.
Segundo a denunciante, o caso terá acontecido entre fevereiro e março deste ano, quando ainda era estagiária da Rádio Nacional.
A jovem refere que momentos após a alegada tentativa de abuso sexual, deixou a sala do Diretor da Rádio Nacional em lágrimas e teria sido vista por alguém que a confrontou com a situação dias depois, aconselhando-a a apresentar queixa.
“No mesmo dia eu saí do lado da pessoa e fui para o gabinete do ministro Wuando Castro [que tutela a Comunicação Social], mas eu não consegui falar com ele,” revelou.
A denunciante refere que expôs o caso a outro responsável do ministério, mas no mesmo dia, a informação foi passada ao acusado que a confrontou.
“Quando Silvério Amorim descobriu que eu tinha gravação, ele proibiu-me de entrar na sala dele com telemóvel”, revelou, acrescentando que também passou a ser transferida constantemente “de um departamento para outro” até ser mandada para casa.
“O senhor simplesmente inventa uma desculpa que a rádio não tem condições para me pagar. Que eu tenho que ir para casa e depois vão chamar-me”, disse, referindo que está em casa “há quase dois meses” e a sua situação “nunca foi resolvida”.
A denunciante afirmou que na Rádio, “muitas pessoas sabem” da situação, mas não denunciam com medo do diretor.
“As pessoas na Rádio sabiam sim que isso está a acontecer, mas pelo facto de ele ser diretor ninguém iria ter coragem de falar porque já sabiam que isso não iria dar em nada”.
Na semana passada o Governo de São Tomé e Príncipe suspendeu o diretor da Rádio Nacional, Silvério Amorim e nomeou uma comissão diretiva para a instituição, enquanto decorre um inquérito que mandou instaurar sobre as acusações de assédio sexual divulgada por uma antiga estagiária que apresentou queixa-crime contra o acusado no Ministério Público.
O secretário de Estado da Comunicação Social, Adelino Lucas, referiu, em despacho, que “a situação se revela de grande gravidade” assegurando a “necessidade de se apurar a veracidade dos factos, no estrito cumprimento das normas laborais vigentes”.