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Fradique Menezes “deveras preocupado” com a União, denunciou negócio da ‘nova maioria’ com o arroz do Japão

FRADIQUE MENEZES EX-pr

O Ex-Presidente da República, Fradique Menezes considerou que o acordo entre o seu partido e a UDD “não trouxe absolutamente nada para o MDFM” e admitiu que esta união esteja ainda no Governo para garantir cargos aos dirigentes.

“Estou muito, mais muito deveras preocupado com a situação desta união [entre o MDFM-UDD […] Não progredimos. Tenho impressão que regredimos muito as nossas atividades como partido político,” afirmou Fradique Menezes, numa declaração proferida no Conselho Nacional da União MDFM-UDD.

Durante a reunião partidária realizada no sábado, Fradique Menezes, enquanto presidente honorário da força política, afirmou que a situação da união “está muito grave”, e defendeu que o partido “tem que reorganizar-se”, apelando aos seus dirigentes para trabalharem mais em prol da força política.

“Há muitos que estão a contentar-se com os lugarezinhos que conseguiram […], servem-se dos partidos para serem ministros, secretários de estado, diretores, obterem alguns benesses, algumas bolsas de estudo aos seus filhos,” afirmou o líder fundador do MDFM.

A União MDFM-UDD é uma das forças políticas que integram a ‘nova maioria’ com o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD) e o Partido de Convergência Democrática (PCD), na governação em São Tomé e Príncipe.

Além de outras revelações, o ex-PR denunciou o envolvimento do primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, num processo de comercialização de arroz oferecido pelo Japão, cujo valor deve reverter-se para o um fundo de contrapartida para o financiamento de projetos sociais e apoio aos processos eleitorais.

“Criou-se aqui uma firma chamada CAPA por causa do arroz de Japão”, revelou.

Segundo Fradique de Menezes os partidos da ‘nova maioria’ acordaram que a empresa fosse constituída por um representante de cada cor política no poder, nomeadamente do MLSTP, PCD e ele em representação da União MDFM-UDD.

Na primeira comercialização feita pela empresa, “tudo correu bem e as pessoas falaram bem” e “havia em contrato assinado” para a segunda comercialização que se iniciou “uns meses antes das eleições presidenciais” de 2021, entretanto suspensas “para que o candidato do MLSTP ganhasse.”

“O senhor líder da bancada parlamentar do MLSP/PSD reúne-se com o senhor primeiro-ministro, com o nosso secretário de estado do comércio […] [referindo] que temos que acabar com isso, porque o povo não está contente e o candidato do MLSTP [Posser da Costa] é capaz de perder as eleições se continuarmos a comercializar o arroz desta maneira,” explicou.

Em ton de ironia, Fradique Menezes referiu que Posser da Costa que e advogado de profissão “ganhou foi juízo”. “Vai fazer advocacia! Vai fazer advocacia!”, continuou diante de forte aplausos e risos da plateia do Conselho Nacional da União MDFM-UDD. 

Quanto a permanência da União MDFM-UDD na coligação que sustenta o Governo, Fradique Menezes questionou: “Não será que estamos a zelar pelos nossos ‘tachos’ [cargo] (…) Esse é que é o problema e temos que ser francos com isto, senão não faremos nada”, disse.

No próximo ano São Tomé e Príncipe realiza, em simultâneo, as eleições legislativas, autárquicas e regionais.

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