Falta de medicamentos atingiu nível “gritante” e ameaça a vida dos doentes, denuncia Sindicatos

“De vez em quando sentimo-nos incompetentes em salvar uma vida por causa de falta de medicamentos, por causa de falta de meios de diagnóstico”, denunciou a porta-voz dos sindicatos dos profissionais de saúde.

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A presidente do Sindicato dos Médicos são-tomenses alertou hoje que a falta de medicamentos e consumíveis chegou a um nível “gritante” e ameaça a vida dos doentes, sublinhando o descontentamento dos profissionais do setor da saúde.

“Nós ainda continuamos com falta de medicamentos e outros consumíveis. Estamos descontentes, estamos insatisfeitos porque saímos de casa para vir trabalhar, de vez em quando sentimo-nos incompetentes em salvar uma vida por causa de falta de medicamentos, por causa de falta de meios de diagnóstico. Isso incomoda qualquer profissional”, denunciou hoje a porta-voz do Sindicatos dos Profissionais de Saúde de São Tomé e Príncipe, Benvinda Vera Cruz.

Em novembro do ano passado os sindicatos dos profissionais de saúde de São Tomé e Príncipe assinaram um memorando com o Governo para implementação de melhorias das condições de trabalho e fornecimento regular de medicamentos e consumíveis neste setor dentro do prazo que termina em 19 de janeiro.

A médica que preside ao Sindicato dos Médicos disse hoje que “até agora as coisas não estão a ser cumpridas” e que também “a promessa escrita não está a ser cumprida”, tendo lamentado a falta de diálogo por parte do executivo.

“Estamos insatisfeitos pelo facto de continuarmos desse jeito. Tivemos um memorando assinado pelo governo, achamos que está tudo bem, mas por fim, ninguém nos diz nada. Não somos tidos nem achados”, precisou Benvinda Vera Cruz.

A menos de uma semana para terminarem os prazos estabelecidos no memorando e com a alegada falta de diálogo com o executivo, a médica sindicalista referiu que as únicas melhorias registaram-se depois da paralisação dos serviços de urgências em dezembro.

“Os profissionais de saúde tiveram que gritar, paralisar [os serviços de urgências] para depois conseguir-se colocar dois aparelhos de ar condicionado e limpeza do exaustor [no banco de urgência]. Até agora nada mais do que o Governo assumiu foi feito e os prazos já terminaram”, explicou a presidente do sindicato.

Segundo Benvinda Vera Cruz, os familiares dos utentes também têm demonstrado indignação perante a falta de medicamentos nos serviços de saúde.

“Passamos receitas para comprar e os familiares ainda nos dizem, se não há [medicamentos] vocês vêm para o hospital para fazer o quê?”, relatou.

“Eles têm razão”, disse, referindo que os profissionais de saúde ficam “de braços cruzados” quando recorrem ao laboratório “para apoio de diagnóstico”, mas este não é fornecido porque “não há reagentes.”

 Benvinda Vera Cruz disse que os sindicatos dos profissionais da saúde vão tomar uma decisão sobre uma possível paralisação dos serviços a partir da próxima semana, mas avisou que não há mais espaço para nova negociação.

“É só implementar o que está no memorando”, concluiu.

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