Os sindicados dos profissionais de saúde são-tomenses afirmaram hoje que estão “ainda mais distantes” do ministro da Saúde, Edgar Neves, após este ter, alegadamente, acusado a classe de “incompetência e negligência”.
“Este caminho elegido pelo senhor ministro da Saúde em acusar-nos de ladrões, negligentes e incompetentes, só vem ainda mais distanciar-nos de si e do ministério, sendo nós o corpo que dá a vida a este nosso sistema de saúde,” referiu hoje, Benvinda Vera Cruz, enquanto porta-voz dos sindicatos dos médicos, enfermeiros, técnicos, administrativos e auxiliares de ação médica de São Tomé e Príncipe.
Na sexta-feira estes sindicatos alertaram que a falta de medicamentos e consumíveis em São Tomé e Príncipe chegou a um nível “gritante” e ameaça a vida dos doentes, tendo sublinhado o descontentamento dos profissionais face ao incumprimento pelo Governo do compromisso assinado em novembro para o abastecimento regular do sistema de saúde.
No mesmo dia o ministro da Saúde, Edgar Neves, reagiu em direto no telejornal da Televisão São-tomense (TVS) admitindo que há desvios de medicamentos nos hospitais, mas alertando que “não é só uma questão de falta de medicamento” que está em causa.
“Temos que colocar o dedo na ferida: Há incompetência e as vezes negligência, e o pior ainda o casamento das duas coisas,” disse o ministro, referindo que é preciso “avaliar o ato médico.”
Em reação as declarações do ministro, os sindicatos de saúde consideram que “quanto a questão da negligência e incompetência dos profissionais é necessário provar e sancionar junto às suas direções associativas/organizativas.”
Adiantam que as palavras do ministro “continuarão sendo levianas e vans” se não forem provadas e questionam “se se pode falar de negligência quando existem falta de medicamentos e meios complementares de diagnóstico e terapêuticos.”
Quanto “as declarações proferidas pelo ministro da saúde sobre desvios de medicamentos, reagentes e consumíveis pelos profissionais de saúde, capaz de levar a ponto de rotura” os sindicatos questionam sobre “que medidas foram tomadas para sanar este mal”.
“Nós os profissionais de saúde continuamos a fazer “milagres” ou dito “omeletes sem ovos”, quando nos faltam quase tudo e mesmo assim continuamos a trabalhar e a prestar os nossos serviços,” refere o comunicado, acrescentando que os profissionais da saúde são “colaboradores e não inimigos” do ministro da Saúde.