Sindicato dos professores informa PR que prepara “luta muito árdua” com o Ministério da Educação

“A qualidade do nosso ensino está paulatinamente a degradar. A situação socioeconómica dos professores neste preciso momento é uma lástima. O descontentamento é total”, disse o presidente do Sinprestep, Gastão Ferreira.

Educação -
Gastão Ferreira - SINPRESTEP

O Sindicato dos Professores e Educadores de São Tomé e Príncipe (Sinprestep) antecipou hoje uma “luta muito árdua com o Ministério da Educação” pelo reajuste salarial e melhoria da qualidade do ensino no país.

O processo de reajuste salarial na administração pública foi introduzido no parlamento no ano passado pelo Governo são-tomense, mas o executivo retirou o documento seis meses depois, devido a sucessivas greves sindicais e demissão do antigo ministro das Finanças, Osvaldo Vaz.

“Prometemos ao senhor Presidente da República que ainda neste trimestre vamos travar uma luta muito árdua com o Ministério da Educação quanto ao reajuste salarial – saber do Governo se o reajuste pega ou não pega”, disse o presidente do Sinprestep, Gastão Ferreira, no final de um encontro com o chefe de Estado, Carlos Vila Nova.

Segundo o líder sindical, durante o encontro, as partes abordaram ainda temas como a qualidade do ensino, as condições socioeconómicas dos professores e educadores, a formação, a situação dos professores e educadores na Região Autónoma do Príncipe, o enquadramento dos docentes e as condições de trabalho.

“A qualidade do nosso ensino está paulatinamente a degradar. A situação socioeconómica dos professores neste preciso momento é uma lástima. O descontentamento é total. O enquadramento que se vem prometendo há anos não se tem concretizado. Os professores têm estado no sistema 10, 20, 30 anos sem serem enquadrados nas suas respetivas categorias e sem serem promovidos. Falamos dos professores reformados que vivem uma situação extremamente precária”, precisou Gastão Ferreira.

O presidente do Sinprestep referiu que esta organização está preocupada com a situação dos professores reformados que “estão em extrema pobreza, passando fome, vivendo em situação desagradável e lastimável”.

“Vamos continuar a negociar: o sindicato não tem poder para impor. O sindicato negoceia, apresenta preocupações e no quadro das negociações tem que encontrar consensos, e se não encontrar um consenso, temos uma arma que o Governo nos deu [a greve] e vamos utilizá-la”, explicou.

Quanto à melhoria da qualidade de ensino no país, Gastão Ferreira disse que propôs ao Presidente da República algo “que é urgente”: a criação de “um fórum ao nível da educação” para refletir sobre o estado da educação em São Tomé e Príncipe.

“O Presidente da República manifestou toda a vontade e toda a abertura junto aos professores e educadores […] para encontramos nos próximos meses a luz verde para a resolução de algumas dessas preocupações. Algumas são críticas e são extremamente preocupantes”, referiu, adiantando que “o Governo tem feito a sua parte” e o Sinprestep também vai fazer a sua.

No dia 11 de janeiro, na comememoração dos 30 anos do Sinprestep, Gastão Ferreira referiu que o salário atual dos professores “compromete grandemente o exercício” das funções docentes e considerou que “não haverá educação de qualidade e inclusiva para todos” se os mesmos não tiverem “uma atenção primária” por parte do Estado.

Segundo o líder sindical, os professores são-tomenses licenciados têm um salário de cerca de 4 mil dobras (cerca de 160 euros) mensais, o que não corresponde às expetativas da classe docente.

“Não é fácil um professor estar numa sala de aula a exercer as suas funções e a pensar no que vai comer”, referiu Gastão Ferreira, recordando que o Sinprestep “é um dos sindicatos ao nível de São Tomé e Príncipe que não concordou com a grelha de reajuste salarial apresentado pelo Governo Central” no ano passado por não trazer melhorias satisfatórias para os professores.

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