Ministro da Saúde demitiu-se, após polémica com profissionais do setor (C/Áudio)

Edgar Neves é o segundo ministro a pedir afastamento do Governo em menos de 4 meses. Em setembro de 2021, o antigo ministro das Finanças, Osvaldo Vaz, também abandonou o executivo de Jorge Bom Jesus.

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Edgar Neves

O ministro da saúde, Edgar Neves, demitiu-se de funções sublinhando que se trata de uma decisão irreversível e que está na hora de passar o testemunho a quem possa ter melhores ideias e mais meios financeiros.

Egar Neves anunciou hoje que apresentou o pedido de demissão ao primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, na quinta-feira, dia 20 de janeiro.

“Considero ter dado o meu contributo como cidadão e enquanto profissional da saúde para mitigação dos males que assolam o nosso país”, disse Edgar Neves.

Edgar Neves não indicou um motivo concreto que motivou a sua demissão, mas apontou dedo aos opositores do governo que “não descansaram em tratar da pior forma possível alguns dirigentes deste país, utilizando tudo e mais alguma coisa”, mesmo em contexto de pandemia.

“Infelizmente é mais fácil para muita gente falar daquilo que é negativo e esquecem-se de se pronunciar sobre o que é positivo”, criticou.

O ministro demissionário realçou que tomou a decisão depois de uma “consulta profunda”, feita de forma “madura e estruturada”, e de falar com a família, amigos mais íntimos e com o partido UDD, do qual é membro.

Edgar Neves esclareceu que não foi demitido pelo primeiro-ministro e garantiu que o seu pedido de demissão tem “caráter irreversível”.

“As minhas decisões são decisões definitivas, pelo menos em matéria de política”, precisou.

Desde a apassada sexta-feira, 14 de janeiro, que Edgar Neves abriu uma crise com os profissionais de saúde, após estes reclamarem melhores condições de trabalho e terem denunciado a falta de medicamentos que atingiu “nivel gritante” colocando em causa a vida dos doentes.

Edgar Neves justificou a falta de medicamentos afirmando que “há desvios” e que denunciou que “há incompetência e às vezes negligência, e o pior ainda o casamento das duas coisas” no Sistema Nacional de Saúde.

Em resposta os sindicatos da saúde afirmaram que as declarações do minstro colocaram a classe “ainda mais distantes” da tutela.

Na quinta-feira, 20 de janeiro, a Ordem dos Médicos de São Tomé solidarizou-se com as exigências dos sindicatos de saúde “para obtenção de melhores condições de trabalho” e lamentou as reações do ministro da Saúde que escondem uma “incapacidade” de apresentar uma “solução ao problema” e “falhas graves” do SNS.

No dia seguinte, sexta-feira, 21 d ejaneiro, os profissionais de saúde recuram comparecer numa reunião convocada pelo ministro.

Na declaração de hoje, antes de anunciar a sua demissão do Governo, Edgar Neves aproveitou para enumerar obra feita, desde o controlo do paludismo, HIV/SIDA e tuberculose, a manutenção do programa alargado de vacinação, o programa de rotina, ou a vacinação contra a covid-19.

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