O ex-primeiro-ministro, Patrice Trovoada vai recandidatar-se à liderança do partido Ação Democrática Independente ADI, em abril, “por imposição do Tribunal Constitucional”, e avisou que, caso reeleito, será primeiro-ministro se vencer as eleições legislativas.
“O próximo presidente do partido, em caso de vitória nas eleições legislativas, será o próximo primeiro-ministro e chefe do Governo”, afirmou Patrice Trovoada numa mensagem de vídeo que enviou aos membros do Conselho Nacional da ADI que esteve reunido no passado sábado e marcou o congresso eletivo para o mês de abril, sem definir o dia.
Patrice Trovoada realçou que no congresso de abril, “que inicialmente foi decidido para satisfazer os desideratos do Tribunal Constitucional”, que não reconheceu a sua eleição há três anos, estará em causa a legitimação da direção do partido, mas também a escolha do futuro primeiro-ministro, se a ADI vencer as eleições legislativas previstas para outubro.
“Sou o apoiante número um daqueles que pretendem emanciparem-se e assumirem-se como potenciais líderes […], por isso outras candidaturas à liderança do partido são bem-vindos”, disse o líder da ADI.
Durante cerca de 30 minutos de excertos da mensagem enviada aos conselheiros da ADI, Patrice Trovoada referiu-se a várias situações de organização interna e disciplina partidária do partido, incluindo o funcionamento do grupo parlamentar do ADI.
“Nesses últimos anos, o grupo parlamentar brindou-nos com as mais diversas formas de vagabundagem política, levando a base da militância do partido e os eleitores em geral a sentirem-se humilhados por certos deputados mercenários e egoístas. A estes companheiros e futuros ex-companheiros eu garanto que jamais voltarão a ser representantes do povo sobre a bandeira do ADI e enquanto eu for presidente do partido”, disse Patrice Trovoada.
Quanto à gvernação do país, o líder da oposição referiu que os últimos quatro anos “foram nitidamente de recuo, de regresso às maldições habituais: perseguições políticas e administrativas, injustiças recorrentes, corrupção invasora, favoritismos, impunidade sistémica, incompetência repugnante e uma escandalosa falta de autoridade de Estado”.
Patrice Trovoada defendeu que “é preciso unir todos os são-tomenses, tendo afirmado que “como nunca a nação está em perigo” e “fragilizada nas suas estruturas fundamentais”, e a sua “viabilidade económica e financeira está comprometida”.
“Boa parte dos seus melhores filhos e filhas já não acreditam num futuro nacional […] Na hora certa, no momento certo, e no lugar certo, neste ano de 2022, faremos a justiça, escolhendo o caminho certo de uma maneira clara e decisiva para mudar tudo que temos que mudar e para que o país tome de novo uma direção que jamais devia ter-se desviado”, disse.
O líder da ADI prometeu “tudo fazer e com tudo contribuir para que este ano seja um ano diferente, no sentido de oferecer novas perspetivas anunciadoras de dias menos incertos, mais concretos quanto ao caminho a percorrer para um futuro coletivo melhor”.
“Prometo, na qualidade de presidente do maior partido do país, tudo fazer para contribuir para maior união dos são-tomenses, pedir perdão lá onde for necessário, perdoar sempre, dialogar com todos, fazer as concessões necessárias, dentro daquilo que é justo e legal, e colocar sempre acima de tudo os interesses coletivos do povo, dos mais fracos e dos mais necessitados”, afirmou.
O ADI foi o partido mais votado nas eleições legislativas de 2018, tendo eleito 25 deputados, num total de 55, mas não teve apoio parlamentar para formar Governo. Patrice Trovoada, até então primeiro-ministro (2014-2018), ausentou-se do país nessa altura e não regressou até agora.
Um acordo parlamentar entre o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP/PSD) e a coligação PCD-MDFM-UDD permitiram uma maioria de 28 deputados que garantiu o suporte parlamentar ao Governo chefiado por Jorge Bom Jesus.
As eleições legislativas, autárquicas e da Região Autónoma do Príncipe deverão acontecer em outubro próximo.