Patrice Trovoada pede maioria absoluta reforçada para voltar a ser primeiro-ministro

“Que toda a gente entenda que o ADI precisa de maioria absoluta para Patrice Trovoada ser primeiro-ministro”, disse o líder do ADI.

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Patrice Trovoada

O presidente da Ação Democrática Independente (ADI, oposição), Patrice Trovoada, pediu, na terça-feira, uma maioria absoluta reforçada como condição para voltar a ser primeiro-ministro e o seu partido retomar a agenda de transformação do país.

“Temos que dar um sinal forte e esse sinal forte é dar ao ADI uma maioria absoluta forte, que seja acima de 33 deputados”, defendeu Patrice Trovoada durante uma conversa de vídeo divulgada na página do partido no Facebook.

O ex-primeiro-ministro, que governou São Tomé e Príncipe com maioria absoluta de 33 deputados entre 2014 e 2018, realçou que “ninguém pode ter medo disso [maioria reforçada], a não ser pessoas que têm problemas pessoais”.

“Temos que saber quais são os marcadores fundamentais para chegar lá. Um marcador fundamental é que o ADI trabalhe mais e melhor e que o ADI se abra mais aos outros. O segundo marcador é que toda a gente entenda que o ADI precisa de maioria absoluta para Patrice Trovoada ser primeiro-ministro, para nós podermos ganhar a estabilidade e a capacidade de poder reformar o país”, explicou o líder do ADI.

Patrice Trovoada garante que, caso vença as eleições com maioria reforçada e volte a ser primeiro-ministro, está pronto para “trabalhar com toda a gente”, para dialogar e se sentar com todos, desde que seja para fazer aquilo que é legal.

“A coisa não está fácil, mas a verdade é que é possível: é possível termos um país diferente, é possível chegarmos ao ‘NTS – novo tipo de são-tomense”’, é possível de nós ainda recuperarmos a agenda de transformação – não será para 2030, mas talvez chegaremos a 2040”, defendeu Patrice Trovoada.

Durante o vídeo de quase uma hora, Patrice Trovoada anunciou a intenção de retomar projetos de reforma nos setores da Educação, Saúde e Justiça, mostrando-se disponível para “acolher e trabalhar” com “todos os que estejam disponíveis a “fazer o sacrifício” na implementação das reformas para melhorar São Tomé e Príncipe.

“Se as pessoas querem ir para o poder para ter carros de 40 mil euros não contem comigo”, afirmou Patrice Trovoada, referindo que com o seu Governo a aquisição de viaturas não deverá ultrapassar os 15 mil euros.

No início de fevereiro, Patrice Trovoada anunciou que vai recandidatar-se à liderança da Ação Democrática Independente, num congresso previsto para abril, “por imposição do Tribunal Constitucional” (que não reconheceu a sua última eleição), e avisou que, caso reeleito, será primeiro-ministro se vencer as eleições legislativas.

Na altura, Trovoada referiu que “outras candidaturas à liderança do partido são bem-vindas” e disse ser “o apoiante número um daqueles que pretendem emanciparem-se e assumirem-se como potenciais líderes” do ADI.

Entretanto, no vídeo de terça-feira, Patrice Trovoada não se referiu ao processo eletivo e posicionou-se já como candidato do ADI a chefe do Governo.

“O povo é que decide e eu submeto a decisão do povo. [Se] o povo quer continuar com esta ‘troika’ [MLSTP/PSD, PCD, MDFM-UDD], que continue: eu vou descansar, vou arranjar outra vida. [Se] o povo quer outra coisa, eu sacrifico-me com toda a gente que quer sacrificar-se porque isso não é passeio. Vamos para uma luta, para um sacrifício”, disse Patrice Trovoada.

O ADI foi o partido mais votado nas eleições legislativas de 2018, tendo eleito 25 deputados, num total de 55, mas não teve apoio parlamentar para formar Governo. Patrice Trovoada, até então primeiro-ministro (2014-2018), ausentou-se do país nessa altura e não regressou até agora.

Um acordo parlamentar entre o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP/PSD) e a coligação PCD-MDFM-UDD permitiram uma maioria de 28 deputados que garantiu o suporte parlamentar ao Governo chefiado por Jorge Bom Jesus.

São Tomé e Príncipe deverá realizar as eleições legislativas, autárquicas e regional em outubro.

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