A Empresa são-tomense de Água e Eletricidade (Emae) suspendeu, desde segunda-feira de manhã, o fornecimento de energia elétrica por falta de acesso aos reservatórios de combustível que abastecem a empresa, devido ao risco de desabamento de uma ponte.
“Nós não temos stock, então fomos forçados a efetuar corte de eletricidade em quase toda a parte de São Tomé mantendo algumas partes com energia – partes essências – como hospital e quartel”, disse o diretor de eletricidade da Emae, Dinamenio Luís.
A Empresa Nacional de Combustível e Óleo (Enco) suspendeu a deslocação dos camiões cisternas à cidade de Neves, capital do Distrito de Lembá, onde estão localizados os seus reservatórios devido o risco de desabamento da ponte da comunidade de Ribeira Funda que impedem o percurso em segurança.
O presidente da Câmara Distrital de Lembá, Albertino Barros, referiu que “as viaturas pequenas estão a passar [pela ponte], mas os camiões da Enco não conseguem passar para o outro lado que é a cidade de São Tomé”.
“Da forma como está a ponte, a câmara sozinha não consegue resolver o problema […] tudo agora está na mão do Governo para que possa fazer uma intervenção de urgência porque a forma como está, a ponte poderá desabar”, disse Abertino Barros em declarações à Radio Nacional de São Tomé e Príncipe.
O diretor de eletricidade da Emae disse que a situação levou a empresa “a fazer cortes [no fornecimento de eletricidade] até que se encontre uma solução para o transporte de combustível para a cidade de São Tomé”.
“Nós neste momento não dispomos de alternativas porque quase toda a nossa produção é baseada no consumo de gasóleo – são centrais térmicas que usam gasóleo para a produção de eletricidade – e não havendo gasóleo fica difícil o fornecimento de eletricidade as populações”, disse Dinamenio Luís.
Apesar da explicação dada pela Emae na Rádio Nacional do país, muitos cidadãos não sabem as verdadeiras causas da crise elétrica, também por falta de eletricidade nas suas residências.
“Há famílias que compram peixes, gelados, iogurtes para colocarem na geleira e desde ontem [segunda-feira] que nós não temos energia e não sabemos o que é que está a passar. Nós não podemos ficar sem luz porque agora tem muitos furtos […] e cada vez as coisas estão a piorar e o Governo tem que saber como fazer isso porque nós, os pequenos, estamos a sofrer”, desabafou uma cidadã à RSTP.
Vários postos de venda de combustível também dizem estar sem reservas para a comercialização e suspenderam a venda e há filas enormes para o abastecimento nos principais postos de comercialização do país.
“Já passei de algumas bombas esta manhã, algumas dizem que têm combustível, mas não vão abrir porque não têm energia”, conta um motoqueiro.
“Não sabemos quando vão resolver o problema da ponte, então tive que vir abastecer o carro o mais rápido possível. Já sabemos como é no nosso país. Daqui a pouco vão começar a aumentar o preço”, conta outro automobilista enquanto aguarda a sua vez na longa vila na Bomba Pereira Duarte.
Pela incerteza na reposição do fornecimento do combustível há quem também aumente o seu volume habitual de consumo.
“Vim encher o depósito. Normalmente costumo pôr 150 dobras, mas com esta história coloquei pelo menos 400 dobras só para garantir gasolina para as próximas semanas. Espero que eles resolvam isso o mais depressa possível, porque a falta de energia e a falta de gasolina juntos é muito mau para toda a gente”, contou outro motoqueiro.
Há 166 pontes em situação crítica em São Tomé e Príncipe
No início do ano, o diretor do Instituto Nacional de Estradas (INAE), Gabdulo Quaresma, afirmou que desde 2009 que foi realizado um estudo em que se constatou a “necessidade de intervenção em todas as pontes do país, num total de 166 pontes” considerando “a situação crítica em que elas se encontravam e que poderiam colocar em causa a segurança quanto a circulação de pessoas e mercadorias”.
Na altura, Gabdulo Quaresma referiu que serão necessários mais de 12 milhões de euros para a reconstrução de cerca de 10 pontes e estradas danificadas pelas chuvas intensas que atingiram o país em finais de dezembro do ano passado.