O Governo são-tomense reajustou hoje o preço do combustível, com a gasolina e o gasóleo a subirem mais cinco dobras (20 cêntimos de euros) e o petróleo a aumentar duas dobras (8 cêntimos), anunciou o Ministério das Finanças.
Segundo uma nota de imprensa do gabinete do ministro do Planeamento, Finanças e Economia Azul, Engrácio Graça, a gasolina, que custava 30 dobras (1,23 euros) por litro, passará a custar 35 dobras (1,43 euros), enquanto o gasóleo sobe de 25 para 30 dobras (de 1 para 1,23 euros) e o petróleo doméstico de 15 para 17 dobras (0,61 euros para 0,69 euros).
O Governo justifica a decisão dizendo que “nos últimos tempos tem-se assistido a um aumento muito acentuado do preço do petróleo no mercado internacional”.
“Sendo assim, há toda a necessidade do país, que não está fora do circuito internacional, de reajustar o preço de combustível nas bombas de modo a refletir o preço do petróleo ao nível internacional”, acrescenta a nota de imprensa, datada de 31 de março.
O aumento anunciado na noite de quinta-feira já tinha sido comunicado aos taxistas, que logo nas primeiras horas de hoje também ajustaram os preços dos táxis.
“Onde estava 15 vai para 20 dobras, onde estava 20 vai para 25 dobras [0,82 para 1 euros], isso em relação à zona centro”, explicou o presidente da Associação dos Taxistas, Plácido Paulo, acrescentando que “na zona sul, com a preocupação da estrada, que tem danificado as viaturas, o aumento será de 10 dobras [0,41 euros]”.
Alguns populares ouvidos pela RSTP compreendem que o aumento é necessário, mas mostram-se preocupados com o impacto da medida no agravamento do custo de vida.
“Todo o mundo sabe que as coisas estão muito caras. O salário está muito baixo. O que é que nós podemos fazer? Eles é que sabem?” questionou um cidadão na praça de táxis da cidade de São Tomé.
“Tudo está caro, aumentaram combustível internacionalmente e o que é que podemos fazer? Mas está cada vez mais difícil, muito difícil”, reclamou outro cidadão.
A preocupação da população é também sustentada pelo aumento dos preços dos produtos no mercado que se tem registado nos últimos meses como consequência da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia.
“Gasolina está em 35 dobras, os táxis aumentaram o preço, portanto, quanto mais sobe o combustível vai aumentar mais o custo de vida”, considerou um jovem vendedor ambulante, acrescentando que “também estão a exagerar no aumento dos preços nos mercados”.
“Para o Estado tentar equilibrar as coisas, também deve aumentar o nível salarial também, caso contrário, estamos no fundo do poço”, completou.
Há um mês o ministro das Infraestruturas e Recursos Naturais, Osvaldo Abreu, explicou que já há meses que têm havido negociações com o Banco Mundial, e o Governo tem sofrido “alguma pressão” para aumentar o preço do combustível no país.
O executivo, disse, apresentava-se firme na proteção do mercado nacional, tendo em conta a vulnerabilidade e também a capacidade do cidadão, e não só, “para fazer face ao aumento dos preços derivados, eventualmente, do aumento do combustível”.
“Se nós não fizermos uma atualização de preço, ou vão fornecer-nos menos combustível ou teremos necessariamente um corte bastante substancial naquilo que nós fazemos em termos do comércio deste mesmo produto”, advertiu Osvaldo Abreu.
Na altura, o ministro das infraestruras e Recursos Naturais referiu que “toda a gente compreenderá que São Tomé e Príncipe, não sendo produtor do petróleo” não pode “comprar caro para vender barato”.