“Já suspendemos tudo, porque a empresa fez algumas operações que melhoraram a maneira para os carros passarem na ponte de Ribeira Funda sem entrar na água salgada que estava a estragar as nossas viaturas”, disse à RSTP, em declarações por telefone, o taxista Nino Silva.
O trânsito entre Lembá e São Tomé estava cortado desde a madrugada de quarta-feira por taxistas em protesto pela degradação da ponte de Ribeira Funda, devido as enxurradas das fortes chuvas.
Com o protesto, os taxistas suspenderam o transporte de pessoas e mercadorias e fizeram longas filas bloqueando a estrada e impedindo a deslocação dos transportes escolares de professores e alunos, transporte de combustível para a capital e das vendedoras de peixe (palayês) que abastecem o mercado da capital.
“Tínhamos que parar para o Governo perceber que este problema estava a prejudicar toda a gente. Mas agora vamos voltar a fazer o nosso trabalho até a segunda ordem se as coisas piorarem”, disse porta-voz dos taxistas Nino Silva.
A destruição da ponte de Ribeira Funda e da via alternativa construída há um mês pelo Governo, e o bloqueio dos taxistas impediu o abastecimento de combustíveis à cidade capital, provocando rotura de stock da Empresa de Água e Eletricidade (EMAE) e em vários postos de comercialização ao público.
“Aqui na capital não está fácil encontrar combustível. Eu deixei carro, tive que vir de motoqueiro à procura de combustível e só encontrei aqui na bomba de manga”, contou um taxista ouvido pela RSTP, no meio de uma longa fila no final da tarde de quinta-feira, no posto de abastecimento de combustível.
Desde quarta-feira que a EMAE tem efetuado cortes no fornecimento de eletricidade à várias comunidades.
“Quem não tem como carregar telemóvel está lixado, peixe também está a estragar, EMAE não assume, Estado não assume”, comentou um cidadão ouvido pela Lusa.
Com a reposição da circulação a partir da ponte de Ribeira Funda, uma fonte da EMAE disse à RSTP que os camiões cisterna com combustível estavam a caminho da capital para o abastecimento do reservatório da EMAE devendo, o fornecimento de eletricidade ser normalizado ainda na noite de quinta-feira.
Entretanto, o Governo são-tomense prometeu ontem que vai iniciar em duas semanas a reconstrução da ponte de Ribeira Funda com recursos próprios, após dificuldades impostas pelo Banco Africano de Desenvolvimento no desembolso de 1,2 milhões de euros de financiamento anunciado no mês passado.
A promessa foi feita pelo ministro das Infraestruturas e Recursos Naturais, Osvaldo Abreu, quando negociava com os taxistas de Lembá à suspensão do bloqueio da circulação entre o norte de São Tomé e a capital do país.
“Nós preparamos as cartas todas [de solicitação de interesse], enviamos para as empresas, as empresas já responderam às cartas, quando chegámos ao momento para começar a avaliação, vem o Banco Africano [BAD] dizer que temos que recomeçar tudo de novo”, explicou Osvaldo Abreu aos taxistas e populares.
O governante assegurou que já foram dadas instruções ao Instituto Nacional de Estradas (Inae) “para começarem o processo de avaliação” das empresas e concluírem a contratação para o início das obras.
“O Governo de São Tomé e Príncipe não vai esperar mais para que os parceiros venham nos dizer o que é que nós temos que fazer”, afirmou Osvaldo Abreu.