O Governo vai adotar medidas mais coercivas visando as pessoas que recusam a pulverização das casas contra o paludismo e comprometem a meta do país de eliminar a doença em 2025, anunciou na segunda-feira o primeiro-ministro.
“Nós não podemos continuar a conviver com estas pessoas que querem prejudicar aquilo que é o objetivo de todos. Começamos pela sensibilização – mais numa atitude pedagógica -, mas naturalmente vamos passar a uma outra fase de atitude mais musculada, mais coerciva”, disse Jorge Bom Jesus, admitindo o recurso à coerção policial “se de facto as recusas continuarem a aumentar”.
O chefe do Governo falava após receber os profissionais de saúde para pulverização de sua casa, no arranque do 20.º ciclo de pulverização contra o paludismo e os mosquitos da dengue em São Tomé e Príncipe, que teve início no distrito de Água Grande.
“É um ato de cidadania. Todos têm que contribuir para o bem comum e ninguém está acima deste desígnio nacional que é de lutarmos todos contra o paludismo, esse flagelo que vem dizimando vidas humanas há várias décadas, que tem tolhido a nossa economia, a nossa sociedade, atrapalhando as nossas vidas e o futuro das nossas crianças”, considerou o primeiro-ministro.
Jorge Bom Jesus defendeu que é preciso o envolvimento de todos para que o país mantenha a meta de eliminar a doença em 2025, que “está um pouco comprometida por causa da incúria, da irresponsabilidade de muita gente que fecha as portas das casas” à pulverização.
“Eu com esse ato é não só para dar exemplo, mas para mostrar que toda a gente tem que se implicar neste tipo de exercício e de adesão porque basta um são-tomense recusar a pulverização que isso vai comprometer precisamente esta meta de 2025”, referiu Jorge Bom Jesus.
O primeiro-ministro realçou que o Governo vai continuar a “sensibilizar, a mobilizar todos os atores: políticos, empresários, a sociedade no seu todo e, sobretudo, a população” para abraçar esta causa e o país continuar a prosseguir a meta de eliminar a doença em 2025, na qual conta com o financiamento do Fundo Global e de muitos outros parceiros.
“Tudo isto custa muito dinheiro que nós não temos e que os parceiros colaboram connosco, de forma muito generosa, muito solidária, e aquilo que nos pedem é o mínimo dos mínimos, que é colaboração”, defendeu Jorge Bom Jesus.
Os dados do Programa Nacional de Luta Contra o Paludismo apontam o “incremento acelerado de casos de paludismo desde finais de 2021”, sendo que entre janeiro e maio houve “um registo de 1.647 casos de paludismo acumulados”, representando mais 1.023, se comparado ao mesmo período do ano passado.
O Presidente são-tomense afirmou no início de maio que o aumento alarmante de casos de paludismo no país representa um grande problema de saúde pública e de entrave ao desenvolvimento, defendendo a reavaliação da estratégia para a eliminação da doença em 2025.
“Em São Tomé e Príncipe registamos um abrandamento considerável nos progressos já alcançados nos anos anteriores para reduzir os casos de paludismo e de mortes causadas por esta doença, mas lamentavelmente o nosso país voltou a conhecer um aumento de casos desde finais do ano de 2021 até à data presente”, afirmou Carlos Vila Nova, na abertura da reunião da Comissão Nacional de Luta Contra o Paludismo (CNLCP).
O chefe de Estado são-tomense realçou que o país regista “um aumento considerado alarmante”, o que representa “um grande problema de saúde pública e de entrave ao desenvolvimento”.
Além de registar aumento do paludismo São Tomé e Príncipe, o Governo anunciou no início do mês um surto da dengue, com confirmação laboratorial de 30 dos 41 casos notificados, entre os quais quatro internados, mas sem ocorrência de óbitos.