“A CAIXA representa um conjunto de coisas, representa a forma de pensar, representa padrões pré-estabelecidos, e representa até coisas que nós reproduzimos sem ter muita consciência das mesmas”, explicou o membro do grupo Ilha dos Poetas Vivos, Ivanick Lopandza.
A apresentação realizada no dia 12 de julho, dia da independência de São Tomé e Príncipe na Casa das Artes, Criação, Ambientes e Utopias (CACAU), além de questionar os problemas que afetam a sociedade, suscitou também a reflexão sobre a independência do país.
“Será que a independência sai de alguma caixa colonial…?”, referiu Lopandza.
“Há um como conflito entre querer estar dentro da caixa, porque é confortável, somos aplaudidos e temos todas ‘pompas e fanfarras’ ou realmente revolucionar e sair da caixa”, acrescentou.
Segundo Lopandza a peça representa também os conflitos internos dos atores para colocar o público e a sociedade “a questionar em que caixa ela está”.
“Nós após refletirmos sobre a existência da caixa, tentamos formas de resistir, de criar novas formas de pensamento, acabamos por destruir uma caixa, mas deixamos a deixa no final que a caixa maior está intacta. Talvez só mudamos de uma caixa para outra”, frisou Ivanick Lopandza.
“Eu achei interessante, sobretudo, porque já se começa a mudar um pouco o paradigma, mudar aquilo que já estamos habituados, o teatro que já estamos habituados. Eu acho que já se começa a assistir uma melhor performance por parte dos nossos artistas […] e a peça deixa muito para refletir”, disse Selvira Trindade, uma das cidadãs que assistiu a apresentação.
Fernando Lima também sublinhou que “a apresentação é diferente” daquilo que os são-tomenses estão acostumados a ver.
“São ideias que já tivemos quando eramos mais jovens, agora são mais sofisticados na expressão”, precisou.
Para outra espetadora, Alejandra Moncada a ideia é “muito inovadora.”
“Para mim é uma das melhores peças da Bienal [estes jovens] trouxeram ideias muito importantes para refletir”, disse.
As atividades da IX Bienal de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe decorrem no país até 25 de julho.