“Aproveito para vos pedir, que, como jovens, sejam embaixadores da paz nestas eleições, que nas conversas dos quintais, cortem qualquer discurso de ódio de uns contra outros, de serem usados para mobilizações de provocações entre partidos. Ajudem que a que São Tomé e Príncipe não seja notícia negativa”, apelou o presidente da Comissão Eleitoral Nacional (CEN), José Carlos Barreiros.
O lançamento da campanha teve início no distrito de Lembá, no norte da ilha de São Tomé e vai percorrer todos os distritos, incluindo a Região Autónoma do Príncipe, em parceria com o Conselho Nacional da Juventude (CNJ).
Segundo José Carlos Barreiros, os jovens estão a ser capacitados para serem agentes sensibilizadores visando “a educação dos cidadãos em relação aos processos eleitorais, sublinhando os seus direitos e deveres, a votação, o funcionamento do sistema democrático, entre os outros processos”.
“Estamos a correr contra o tempo para conseguirmos preparar as três eleições […] o que em termos de procedimento é bastante complexo”, disse o presidente da CEN a mais de uma centena de jovens presentes na abertura da campanha.
O representante do CNJ, Amilton Bonfim, apelou os jovens a contribuírem “para uma eleição pacífica e mais inclusiva”, mostrando preocupação desta organização juvenil “com a questão de violência no período eleitoral e principalmente pós-eleitoral”.
“Queremos que jovens façam valer o seu direito de eleger e de ser eleito. Vamos percorrer os distritos, levando aos jovens esta ideia e sensibilizá-los a exercer o direito de voto de maneira a combatermos a taxa de abstenção que as vezes nos têm surpreendido”, disse Amilton Bonfim.
Além disso, o representante do Conselho Nacional da Juventude defendeu que “haja uma maior inclusão da juventude nas listas concorrentes às eleições” e apelou para que “os programas e manifestos dos partidos sejam sensíveis” e incluam as preocupações da juventude.
A campanha de educação cívica é apoiada pelo escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) em São Tomé e Príncipe.
O coordenador residente da ONU no arquipélago são-tomense, Eric Overvest, sublinhou que os jovens são mais de 60% da população são-tomense e “podem ser a garantia de um processo em paz” até porque serão também “a maioria nas mesas de voto”, por isso sua inclusão na campanha de educação cívica “é uma decisão acertada” para “uma eleição em paz, com civismo, respeito uns pelos outros”.
“Vamos apoiar as formações e campanha de educação cívica ao pedido do Governo de São Tomé e Príncipe que solicitou este apoio já em março do ano passado, e como sempre as Nações Unidas respondem sempre o pedido de São Tomé e Príncipe até por ser um país de África Central que temos muita fé, por ser um exemplo de paz”, disse Eric Overvest.
São Tomé e Príncipe realiza as eleições legislativas, autárquicas e regional do Príncipe em 25 de setembro, mas há uma contestação motivada pela Ação Democrática Independente (ADI, oposição) e a sua organização juvenil e defendida pelo Presidente da República, Carlos Vila Nova, exigindo a atualização dos cadernos eleitorais de cerca de oito mil novos jovens eleitores e pessoas que mudaram de residência desde a eleição presidencial do ano passado.
Na terça-feira, o presidente do parlamento são-tomense, Delfim Neves, disse que propôs o adiamento para janeiro das eleições para permitir a realização do recenseamento eleitoral, mas o Presidente da República rejeitou.
Na quarta-feira a Presidência da República reafirmou, em comunicado de imprensa, que as eleições serão realizadas em 25 de setembro, sublinhando que “todos os órgãos com responsabilidade neste processo, sabiam desde 2021, com a aprovação do novo pacote [de lei eleitoral], que em 2022, neste período, haveriam de se realizare eleições”.
Há uma semana, a juventude da ADI promoveu uma manifestação na capital são-tomense, exigindo o recenseamento eleitoral no país e na diáspora.
Por sua vez, a juventude do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP/PSD) considerou que foi “o Presidente da República, Carlos Vila Nova, que não quis que houvesse recenseamento eleitoral para os novos eleitores jovens e cabe ao Presidente todas as responsabilidades inerentes a esta situação”.
O Conselho Nacional da Juventude, afirmou no sábado, que acompanha “com apreensão a discussão e a polémica da não atualização dos cadernos eleitorais” e lamentou “que os jovens sejam excluídos”, mas sublinhou que também compreende “as limitações da Comissão Eleitoral Nacional” neste processo.