Sindicato pede sanção aos jornalistas “propagandistas eleitorais ou comissários políticos”

“Deixemos a política para os políticos e façamos o jornalismo, dignificando a nossa profissão e acima de tudo respeitando o dever da verdade nas informações veiculadas e que chegam aos ouvintes, leitores e telespetadores”, apelou o vice-presidente do SJS, Josimar Afonso

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O Sindicato dos Jornalistas São-tomenses (SJS) quer que sejam afastados das redações os jornalistas “propagandistas eleitorais ou comissários políticos”, e denúncia presença de jornalistas nas listas de candidatos à deputados, sem suspenderem o exercício da profissão.

“O SJS exorta a todas as estruturas reguladoras do exercício da profissão jornalística e dos órgãos de comunicação social, nomeadamente o Conselho Superior de Imprensa, a Comissão de Carteira Profissional, o próprio Conselho Deontológico do SJS, as direções dos órgãos de comunicação social e estruturas afins, a serem pró-ativos no sentido de travar tais práticas, e se necessário sancionar e afastar das redações os jornalistas que demonstrem sinais de propagandistas eleitorais ou comissários políticos”, afirmou o vice-presidente do SJS, Josimar Afonso.

A declaração foi feita na abertura de uma formação de dois dias sobre a cobertura eleitoral destinada aos jornalistas e técnicos da comunicação social dos órgãos estatais e privados que teve lugar, na segunda e terça-feira no Arquivo Histórico, promovida pela Comissão Eleitoral Nacional, o Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD), o Sindicato e a Associação dos jornalistas são-tomenses.

“Infelizmente, já registamos práticas pouco abonatórias para a dignificação da nossa profissão”, lamentou o líder sindical, denunciado “jornalistas em pleno exercício da profissão” que dão “voz aos tempos de antena dos partidos políticos […] peças jornalísticas contendo elementos de plena propaganda política”.

“Como se não bastasse temos visto num passado muito recente, jornalistas inscritos nas listas como delegados aos congressos dos partidos, temos agora jornalistas em pleno exercício de funções, inscritos nas listas dos partidos como candidatos à deputados”, denunciou o porta-voz do SJS.

Josimar Afonso disse que o SJS reconhece que “o salário auferido pela classe [jornalística] é insignificante” relativamente ao seu papel” e que as “promessas políticas no período eleitoral parecem ser muito mais atraentes e tentadoras”.

“Mas nada disso ultrapassa, nem deve sobrepor-se ao prestígio da  tão nobre função de jornalista, muito menos justificar a violação da ética e deontologia da classe, sobretudo numa altura em que reivindicamos, com a devida justeza, a implementação do nosso estatuto de carreira e a consequente melhoria salarial”, sublinhou o dirigente sindical.

“Deixemos a política para os políticos e façamos o jornalismo, dignificando a nossa profissão e acima de tudo respeitando o dever da verdade nas informações veiculadas e que chegam aos ouvintes, leitores e telespetadores”, apelou.

O presidente da Associação dos Jornalistas São-tomenses (AJS) realçou que “os jornalistas e a imprensa pública e privada, não devem ser uma caixa de ressonância da propaganda dos partidos políticos concorrentes ou dos seus tempos de antena, sobretudo nos períodos eleitorais”.

“A propaganda, regra geral, visa bloquear a reflexão crítica, levar a comportamentos automáticos e passividade conformista”, alertou, sublinhando que “o eleitor espera que os [jornalistas] os ajudem a fazer uma escolha consciente”.

“Temos que privilegiar a troca de debate de ideias, as propostas realistas e inovadoras. É conveniente que os profissionais e os órgãos tenham na sua posse os manifestos e programas eleitorais, só assim é que podem conduzir entrevistas e debates, colocando questões inteligentes com a finalidade de esclarecer os eleitores”, disse Juvenal Rodrigues, acrescentando que “é também da responsabilidade dos jornalistas, zelar para que, tanto a campanha como o ato eleitoral, decorram num ambiente de paz e elevação.”

A secretária da Comissão Eleitoral Nacional, Sara Santos, reconheceu o trabalho dos jornalistas na formação e informação à população em todos os atos eleitorais do país.

“Têm feito um trabalho com perfeição, com dedicação apesar das limitações que a comunicação social tem enfrentado. A deontologia profissional e a ética não devem ser descoradas neste processo” eleitoral, defendeu Sara Santos.

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