A União para Mudança e Progresso do Príncipe (UMPP), que governa a ilha do Príncipe há 16 anos, quer continuar com Filipe Nascimento na liderança do Governo Regional para garantir a recuperação económica da ilha e concretizar projetos nas áreas social, infraestruturas, saúde, educação e energia renovável.
“A confiança é máxima porque estamos a sentir dia após dia, uma corrente muito positiva em torno da nossa campanha, do nosso projeto, dos candidatos que temos, tanto a deputados como da minha figura, que enquanto presidente do governo regional vamos à urna para obter a confirmação da população para continuar a dirigir os destinos da ilha do Príncipe”, disse o presidente da UMPP, Filipe Nascimento.
De ascendência cabo-verdiana, Filipe Nascimento é um jovem quadro natural de Príncipe, formado em Direito em Portugal, que durante vários anos trabalhou na Câmara Municipal de Oeiras, e regressou a São Tomé em 2019, tendo sido eleito presidente da UMPP e, por inerência de funções, assumido em 2020 a liderança do governo regional sucedendo no cargo a José Cardoso Cassandra, que deixou o cargo a meio do quarto mandato.
É a primeira vez que o novo líder da UMPP vai a votos, mas mostra-se confiante na vitória no domingo, sublinhando que “é a população que reconhece o trabalho feito pela UMPP nos últimos anos, que mudou de forma significativa a vida da população, deu visibilidade à ilha do Príncipe”, que deu “um grande contributo no processo de desenvolvimento” do país.
“Nós temos dos melhores indicadores do país no acesso a bens essenciais, nomeadamente a cobertura a 100% da energia elétrica, maior cobertura da rede de infraestruturas escolares, tanto jardins infantis, como salas de aulas em quase todos os extremos da ilha do Príncipe, temos um dos melhores indicadores de taxa de empregabilidade também”, sublinhou Filipe Nascimento.
“Crescemos muito durante o mandato da UMPP na atração de investimento, na oportunidade de negócios, na dinamização da economia e conseguimos também melhorar o acesso a rede de água, rede de transporte escolar e um conjunto de fatores positivos que tem permitido maior coesão social e maior inclusão, tendo em conta as comunidades dispersas”, acrescentou o líder da UMPP, que conta com apoio da direção regional da Ação Democrática Independente (ADI).
Filipe Nascimento afirmou que vai apostar na “recuperação económica” da ilha após o impacto da pandemia da covid-19, a guerra da Ucrânia e as recentes enxurradas que afetaram o Príncipe e “trouxeram muitos constrangimentos ao processo de desenvolvimento”.
“Para enfrentar os desafios inerentes à dupla insularidade vamos focar este novo mandato na diminuição do custo de vida para a população com a construção de armazéns para melhorar a logística de abastecimento de materiais de construção, géneros alimentícios e reservatório de combustível na ilha do Príncipe, vamos avançar com o projeto do porto acostável”, sublinhou.
Filipe Nascimento disse que já tem solução para a ligação marítima segura entre as duas ilhas, face aos vários naufrágios que levaram à morte de dezenas de pessoas nos últimos anos.
“Já temos um processo em curso que é de uma iniciativa privada, mas que o governo regional esteve a fazer o acompanhamento junto do empresário para um navio que já foi adquirido e muito em breve estará na ilha do Príncipe”, explicou.
Para reduzir o preço das passagens aéreas, estão em avaliação processos de duas companhias “que vão permitir entrada de mais aviões” para permitir “concorrência e baixar o preço de viagens” praticado pela única transportadora, a STP Airways.
“A saúde será a outra grande bandeira”, adiantou o candidato da UMPP.
“Nós temos um bloco operatório para concluir, vamos reabilitar de fundo o nosso hospital e ampliar também porque a população está a crescer e as enfermarias já dão sinal de alguma lotação que requer uma intervenção muito urgente” e ainda “apostar nos recursos humanos, formando nas especialidades” e “concluir os edifícios que vão albergar os doentes e estudantes na ilha de São Tomé”, explicou.
O presidente da UMPP apontou outros projetos ao nível de acesso a água potável, agricultura, energia renovável, incluindo o protocolo com as câmaras de Lisboa, Amadora e Oeiras, de Portugal, que vão financiar em conjunto a construção de um polo universitário, incluindo um liceu na ilha do Príncipe.
O candidato da UMPP, mostrou-se disponível para continuar a trabalhar com qualquer governo da ilha de São Tomé em prol do Príncipe, mas lamentou as recentes declarações do primeiro-ministro e presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social-Democrata (MLSTP/PSD), Jorge Bom Jesus sobre a governação da UMPP.
“O que está no Príncipe é o resultado da má política da UMPP”, afirmou Jorge Bom Jesus em entrevista à RTP África em São Tomé.
“Estas declarações do senhor líder do MLSTP que ainda é primeiro-ministro vêm revelar o porquê de tantas reuniões, tantas agendas e pouca execução ao longo deste mandato […] a população do Príncipe está em estado de choque” com estas declarações, afirmou Filipe Nascimento.
Cerca de 5.964 eleitores da ilha do Príncipe vão escolher no dia 25 de setembro os deputados à Assembleia Regional. Além da UMPP, concorre na eleição regional o Movimento Verde para o Desenvolvimento do Príncipe (MVDP), de Nestor Umbelina, apoiado pelo MLSTP/PSD.
O partido mais votado terá a possibilidade de indicar o próximo presidente do governo da ilha do Príncipe para um mandato constitucional de três anos.
No mesmo dia, 11 partidos e movimentos, incluindo uma coligação, concorrem às eleições legislativas de São Tomé e Príncipe, no mesmo dia em que são eleitos os presidentes das autarquias.