O primeiro-ministro cessante e líder do MLSTP/PSD garantiu hoje que vai “respeitar os resultados” das legislativas de 25 de setembro e felicitou a ADI, vencedor com maioria absoluta, prometendo “uma oposição construtiva”.
“O Tribunal Constitucional, nas vestes de Tribunal Eleitoral, no âmbito do apuramento geral, acabou por homologar a decisão do povo, divulgando os resultados. O MLSTP/PSD vai respeitar esses resultados”, referiu Jorge Bom Jesus, numa conferência de imprensa na sede de Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), em São Tomé, no dia seguinte à divulgação dos resultados definitivos das legislativas, que atribuíram 30 mandatos à Ação Democrática Independente (ADI) e 18 ao MLSTP/PSD, até agora no poder.
Sublinhando que “em democracia, o povo é quem mais ordena”, Jorge Bom Jesus felicitou “o povo de São Tomé e Príncipe pela sua maturidade política e cívica e pela forma ordeira e pacífica como decorreram estas eleições” legislativas, autárquicas e regional.
“Mais uma vez, dá uma lição ao mundo de verdadeira democracia reinante no nosso país”, considerou o chefe do Governo cessante, que aproveitou para dirigir também uma mensagem ao partido vencedor e ao seu líder, o ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada.
“Felicito o partido vencedor, o ADI, e o seu líder, deixando a promessa de continuar a exercer uma oposição construtiva, para o bem de São Tomé e Príncipe e para o desenvolvimento do país”, sublinhou Bom Jesus.
“São Tomé e Príncipe está de parabéns e é nesta senda que vamos continuar a trabalhar. O MLSTP/PSD, que trouxe a independência, que trouxe a abertura democrática, vai continuar a trabalhar no sentido de uma paz que já é genuína e sobretudo no processo democrático, ao nível da sua consolidação”, referiu ainda.
O primeiro-ministro cessante enalteceu ainda a presença dos observadores internacionais e o trabalho das instituições, nomeadamente a Comissão Eleitoral Nacional.
Questionado sobre o pedido do MLSTP/PSD para recontagem de votos, Jorge Bom Jesus indicou que foi rejeitado, mas considerou essa pretensão “normal em democracia”.
“Num processo complexo como foram estas eleições, nem tudo decorreu na perfeição, o que é normal. Não há regras sem exceção. Nós exercemos o nosso direito e naturalmente o Tribunal Constitucional, na sua análise, julgou improcedente, e nós acatámos. Mas isso é normal em democracia. O contraditório faz parte do processo democrático”, comentou.
De acordo com os dados divulgados pelo Tribunal Constitucional, a ADI, partido liderado pelo ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada, teve um total de 36.212 votos, o que corresponde a 30 mandatos, acima dos 28 necessários para ter maioria absoluta na Assembleia Nacional, com um total de 55 lugares.
O MLSTP/PSD recebeu 25.287 votos, equivalentes a 18 deputados.
A terceira força política no parlamento são-tomense, com cinco eleitos, será a coligação Movimento de Cidadãos Independentes – Partido Socialista/Partido de Unidade Nacional (MCIS-PS/PUN, mais conhecido como ‘movimento de Caué’, distrito no sul da ilha de São Tomé), após ter tido 4.995 votos.
Com mais votos, mas menos mandatos, foi o resultado do movimento Basta – que absorveu o histórico Partido da Convergência Democrática (PCD) e acolheu ex-membros da ADI. O Basta, que tinha como um dos cabeças de lista o presidente do parlamento, Delfim Neves, avançou pela primeira vez para as urnas e obteve um total de 6.788 votos, elegendo dois deputados.