Portugal participa na investigação aberta pelo MP sobre ataque a quartel e homicídio de suspeitos

Dos quatro atacantes, três morreram, bem como o suspeito Arlécio Costa, que foi detido na sua residência e levado pelos militares para o quartel às primeiras horas da manhã.

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QUARTEL MILITAR

O Ministério Público de São Tomé e Príncipe abriu dois processos-crime para investigar, com apoio de Portugal, o ataque ao quartel militar ocorrido na madrugada de sexta-feira e o alegado homicídio e tortura de quatro suspeitos, disse à Lusa fonte judicial.

As autoridades judiciais são-tomenses vão ser auxiliadas por uma equipa de cinco elementos da Polícia Judiciária e um do Instituto de Medicina Legal de Portugal, que deverão chegar ao país na próxima semana, adiantou.

O ataque, que o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, descreveu como “uma tentativa de golpe de Estado”, e a divulgação de fotografias dos detidos mortos e exibindo marcas de agressões causaram “alarme público”, referiu a mesma fonte.

O assalto ao quartel, que se prolongou por quase seis horas, com intensas trocas de tiros e explosões, foi neutralizado pelas 06:00 locais (mesma hora em Lisboa) desta sexta-feira, com a detenção dos quatro assaltantes e de alguns militares suspeitos de envolvimento.

Dos quatro atacantes, três morreram, bem como o suspeito Arlécio Costa, que foi detido na sua residência e levado pelos militares para o quartel às primeiras horas da manhã.

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Ao longo do dia, fotografias dos detidos com marcas de agressões e sangue e com as mãos amarradas atrás das costas foram-se espalhando nas redes sociais.

Numa publicação no Twitter, a ex-eurodeputada portuguesa e ex-candidata presidencial portuguesa Ana Gomes comentou ter tido acesso a fotografias e pediu uma “investigação internacional independente”.

“Sinistras as fotos de mortos/torturados que me mandam de #SãoToméPríncipe de suspeitos de alegada tentativa de golpe de Estado. Se se confirmam mortos, o mínimo é exigir uma investigação internacional independente ao que se passou e levou à barbaridade de execuções sumárias”, escreveu Ana Gomes.

Ao início da manhã de sexta-feira, os militares detiveram, nas suas respetivas casas, o ex-presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves, atualmente deputado pelo movimento Basta, e Arlécio Costa, antigo oficial do ‘batalhão Búfalo’ que foi condenado em 2009 por uma tentativa de golpe de Estado, alegadamente identificados pelos atacantes como mandantes.

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Os assaltantes teriam alegadamente atuado com a cumplicidade de militares no interior do quartel, tendo pelo menos três cabos sido detidos. No exterior, cerca de 12 homens aguardavam, em carrinhas, e alguns fugiram durante as trocas de tiros com os militares.

Os atacantes e os militares envolveram-se em confrontos, tendo o oficial de dia sido feito refém e ficado ferido com gravidade após agressões.

Ao final da tarde, dezenas de detidos, incluindo o ex-presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves, foram transferidos das instalações militares para as sedes da Polícia Judiciária e Polícia Nacional, um ato acompanhado pelo escritório das Nações Unidas no país, em articulação com o Presidente da República, Carlos Vila Nova, e com o procurador-geral da República, Kelve Nobre de Carvalho.

Em conferência de imprensa, ao início da manhã de sexta-feira, o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, que assumiu o cargo há duas semanas, disse que a situação no país estava “calma e controlada” e elogiou a atuação das Forças Armadas, que defenderam o quartel “com profissionalismo”.

O chefe do Governo disse ainda esperar que a justiça faça o seu trabalho e pediu “mão firme” para os responsáveis da tentativa de golpe, depois de ter anunciado a detenção de Delfim Neves e Arlécio Costa pelos militares, “na base de declarações do primeiro grupo de quatro [atacantes]”.

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