“Infelizmente, perderam-se quatro vidas”. Arlécio Costa “saltou da viatura e caiu”- CEMFA

Olinto Paquete afirmou desconhecer qual era a intenção do ataque, matéria que disse “deixar mais para a justiça e os políticos”, mas adiantou que as informações de que dispõe é que os assaltantes queriam “ter muito mais armas à sua disposição”.

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Rádio Somos Todos Primos

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMFA) de São Tomé e Príncipe disse hoje que os três atacantes do quartel morreram após uma explosão e o suspeito Arlécio Costa faleceu porque “saltou da viatura”, mas garantiu uma investigação às alegadas agressões aos detidos.

“O quartel de Morro foi deliberadamente atacado e reagimos, em defesa legítima, na defesa do Estado de Direito, da democracia e em respeito do direito de todos”, declarou o brigadeiro Olinto Paquete, em conferência de imprensa hoje de manhã, sobre o assalto ao quartel militar, na madrugada de sexta-feira, em que morreram três dos quatro atacantes e um alegado mandante do ataque que foi detido na sua residência.

“Infelizmente, perderam-se quatro vidas humanas, que tentámos ao máximo preservar. Três resultantes de ferimentos provocados pelos impactos da carga explosiva, e a quarta morte, o senhor Arlécio Costa, segundo informações dos presentes, saltou da viatura e caiu. Foram levados ao hospital central, mas não resistiram”, disse.

O brigadeiro adiantou que “de forma a apurar os factos e chegar à verdade sobre a morte do senhor Arlécio Costa, o inspetor-geral das Forças Armadas foi orientado para instaurar um processo de averiguação”.

Posteriormente, questionado se os militares “espancaram os detidos” – face a fotografias que têm circulado nas redes sociais que mostram os homens ensanguentados e com marcas de agressão -, Olinto Paquete disse desconhecer, mas que haverá uma investigação.

“Não posso assegurar, não estive lá presente. Eis a razão por que foi orientado o inspetor-geral e a sua equipa para processos de averiguação. Não podemos falar de coisas que não temos ainda”, declarou.

Instado a explicar a divulgação das imagens dos detidos com marcas de agressão, insistiu que tudo está sob investigação.

“Eu não posso justificar. De onde saiu? Também estamos a investigar. Como saiu, não sei também dizer. Demos orientação que não pode haver agressão. O objetivo é conseguir que os indivíduos fossem presos e a partir deles, nós tentarmos perceber o que aconteceu. Aí as imagens que aparecem… Vamos investigar para saber como, porquê, e elas vão servir também para o trabalho de investigação do inspetor-geral”, comentou o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.

Quatro pessoas morreram e dezenas foram detidas após o ataque de sexta-feira a um quartel militar em São Tomé e Príncipe, numa ação classificada como “tentativa de golpe de Estado” pelas autoridades são-tomenses e condenada pela comunidade internacional.

Entre os mortos está o antigo oficial do ‘batalhão Búfalo’ Arlécio Costa, condenado em 2009 por tentativa de golpe de Estado, e apontado como suspeito de ser um dos mandantes do ataque, juntamente com o ex-presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves, que foi também detido na sua residência pelos militares.

Segundo a descrição que o brigadeiro fez dos acontecimentos, durante o ataque, três dos assaltantes ficaram fechados numa sala com o oficial de dia como refém, tendo os militares tentado negociar a sua saída, mas, ao fim de duas horas, “pelas 05:30, foi dada ordem para o uso da força”.

Foram então lançadas granadas de gás lacrimogéneo e, depois, foram utilizados explosivos para fazer rebentar a porta, enquanto “os três meliantes disparavam de dentro da sala”. A explosão causou ferimentos nos assaltantes, que, de acordo com Olinto Paquete, receberam primeiros socorros ainda no quartel e foram depois levados para o hospital Ayres de Menezes, onde viriam a morrer, segundo dados preliminares.

Olinto Paquete afirmou desconhecer qual era a intenção do ataque, matéria que disse “deixar mais para a justiça e os políticos”, mas adiantou que as informações de que dispõe é que os assaltantes queriam “ter muito mais armas à sua disposição”.

“Para quê? Deixemos que as investigações decorram”, disse.

“Nas primeiras horas, tudo é possível, mas depois temos a lucidez suficiente de querer preservar sempre em São Tomé um Estado de Direito”, comentou, recordando que o Ministério Público e a Polícia Judiciária “estão a trabalhar”.

Os detidos foram transferidos, ao final da tarde de sexta-feira, do quartel para instalações da Polícia Judiciária e Polícia Nacional, estando agora sob a alçada do Ministério Público, após mediação das Nações Unidas, em contacto com o Presidente e o procurador-geral da República.

O brigadeiro esclareceu ainda que foram detidos 12 militares por suspeita de envolvimento no ataque e adiantou que “não está a decorrer nenhuma operação especial”.

“Estamos como que na defensiva e a deixar a parte jurídica funcionar”, referiu.

Olinto Paquete disse ainda que o sargento que foi feito refém no assalto chegou ao hospital em estado crítico e foi submetido a uma intervenção cirúrgica de emergência, tendo o seu estado se agravado inicialmente, mas que agora está a evoluir “positivamente”.

O ambiente no quartel está calmo, garantiu.

“Somos gentes disciplinadas, subordinados ao poder político. Passou um período de umas horas críticas, mas neste momento a situação está calma, todos estão calmos e a cumprir as diretrizes que estão sendo dadas”, adiantou.

O brigadeiro Olinto Paquete quis ainda deixar uma mensagem de tranquilidade.

“Nós somos uma terra de paz. Nós, elementos das Forças Armadas, fazemos parte desta terra, e somos os primeiros a não querer que haja conflitos e guerra. E a nossa missão é a preservação dessa paz. Infelizmente alguns cidadãos nossos, com interesses que eu não posso descrever, nem sei, de quando em vez têm beliscado esta tranquilidade, mas o povo sabe que nós somos tranquilos”, afirmou.

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas acrescentou ainda: “Isto é um percalço no nosso desenvolvimento, no nosso caminho de crescimento. Mas podem manter-se tranquilos que São Tomé e Príncipe continua a ser uma terra de paz e todos nós somos obrigados a esforçar-nos e trabalhar para que essa paz continue”.

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