O recém-empossado governador do banco central são-tomense, Américo Ramos, pediu o afastamento do cargo de secretário-geral e de órgãos da Ação Democrática Independente (ADI, no poder), justificando com o “profissionalismo, transparência e isenção” necessários nas novas funções.
“Tendo sido convidado, desta vez para um cargo público de governador do Banco Central de São Tomé e Príncipe, cujo exercício exige profissionalismo, transparência e isenção, venho ao abrigo dos pontos 9 e 10 do artigo 5º. Do código de conduta do Banco Central de São Tomé e Príncipe, pedir o meu afastamento do cargo de secretário-geral e membro efetivo da Comissão Política e do Conselho Nacional do partido”, lê-se na carta de Américo Ramos, enviada ao presidente do ADI e atual primeiro-ministro, Patrice Trovoada, com a data de 30 de novembro, mas divulgada na segunda-feira, 05 de dezembro.
No documento, Américo Ramos agradece ao primeiro-ministro e presidente da ADI Patrice Trovoada e aos “companheiros e militantes da ADI” “pela confiança e pelo carinho nas funções de secretário-geral” que exerceu nos últimos dois anos.
A carta de pedido de demissão de Américo Ramos das estruturas da ADI foi tornada pública 24 horas após analistas denunciarem, na Resenha da Semana, a alegada acumulação de funções que consideravam prejudicial para a imagem do Banco Central.
Américo d’Oliveira dos Ramos foi nomeado na quinta-feira passada pelo Governo são-tomense ao cargo de governador do Banco Central de São Tomé e Príncipe, em substituição de Américo Soares de Barros e restante equipa de direção do banco central.
À orgânica do Conselho de Administração do Banco Central o Governo são-tomense nomeou, ainda Lara Simone da Gama Afonso Beirão Guadalupe, vice-governadora, e Raul António da Costa Cravid, Maria Florentina Pires Bonfim e Hermes Fernandes Lima do Nascimento, para o cargo de administradores.
O novo governdador, que tomou posse no sábado, foi ministro das Finanças do Governo de Patrice Trovoada entre 2014 e 2018 e esteve detido por cerca de três meses em 2019, acusado da prática dos crimes de participação económica em negócios, enriquecimento ilícito, corrupção passiva para ato ilícito e branqueamento de capitais, que o Ministério Público viria a arquivar em julho desse ano por “inexistência de indícios criminais”.
Em causa estavam um empréstimo de 30 milhões de dólares (28,5 milhões de euros, ao câmbio atual) do China International Fund, e o empréstimo de 17 milhões de dólares (16,15 milhões de euros) do Fundo do Kuwait, para a requalificação do Hospital Ayres de Menezes, na capital são-tomense, ambos acordados durante o Governo liderado por Patrice Trovoada (2014-2018).