O Banco Mundial quer ajudar a resolver os “problemas graves” da Empresa de Água e Eletricidade (Emae) de São Tomé e Príncipe, tornando-a financeiramente viável para atrair o setor privado a investir nas energias renováveis, anunciou o diretor regional da instituição, na sexta-feira.
“A empresa Emae tem uma dívida que representa 40% do Produto Interno Bruto (PIB) de São Tomé e Príncipe. Isso quer dizer que esta dívida representa não apenas um bloqueio ao nível do setor real (produção de eletricidade), mas também representa um problema sério ao nível das Finanças Públicas, portanto, é importante que nos sentemos num certo momento e vermos como resolvermos esse problema”, disse Albert Zeufack, no final de uma missão de uma semana a São Tomé e Príncipe.
“Resolver o problema das empresas de eletricidade, segundo a nossa experiência não se trata de um problema de fundo [verbas], trata-se de um problema de vontade política e de reformas”, sublinhou o diretor regional do Banco Mundial para São Tomé e Príncipe, Angola, Burundi e República Democrática do Congo.
Na semana passada, o Governo são-tomense anunciou que quer estancar a dívida de cerca de 300 milhões de euros com Angola, no âmbito de um novo acordo de cooperação económica assinado com representantes do Governo angolano, na capital são-tomense, após dias de trabalhos, em que as partes fizeram o reconhecimento da dívida bilateral entre os dois Estados, bem como da dívida de combustíveis que a Emae tem para com a Empresa Nacional de Combustível e Óleo (Enco), de que o Estado Angolano é o maior acionista, através da Sonangol.
“A dívida bilateral com Angola está avaliada nesse momento em cerca de 68 milhões de dólares [63,5 milhões de euros] a dívida comercial [da Emae] está a rondar cerca de 252 milhões de dólares [235,6 milhões de euros]”, detalhou Genésio da Mata.
O diretor regional do Banco Mundial referiu que “a Emae tem problemas graves ao nível da gestão, ao nível das perdas operacionais, das perdas técnicas”, que os especialistas do Banco Mundial no setor da energia identificaram e “poderão trabalhar com o Governo para resolver”.
O responsável do Banco Mundial defendeu que “toda a população de São Tomé e Príncipe deveria implicar-se para que a Emae seja uma empresa com grande desempenho, uma empresa financeiramente viável”, sublinhando que isso é possível, de acordo com as experiências de outros países “em que as empresas de eletricidades não têm perdas, mas distribuem dividendos ao Estado”, porque “a sua gestão é boa”.
“É um trabalho no qual nós estamos empenhados e esperamos avançar juntos e ter progressos para que tudo tenha lugar num horizonte rápido”, disse.
Para o representante do Banco Mundial a transformação do setor energético são-tomense deverá passar pelo desenvolvimento de energias renováveis para haver “maior produção hidroelétrica ou solar”, bem como pela “reforma da Emae a nível da sua gestão, da sua limitação, das perdas técnicas e operacionais”.
“É extremamente importante que essas reformas sejam feitas para atrair o setor privado e permitir também desenvolver outras fontes de energias renováveis”, advogou Albert Zeufack.
“O Banco Mundial hoje tem um portefólio de 167 milhões de dólares para São Tomé e Príncipe dos quais 153 milhões para os projetos nacionais e 14 milhões para o projeto regional WACA [Projecto de Investimento em Resiliência da Zona Costeira na África Ocidental]”, que desenvolve ações para proteger as costas marítimas contra erosão costeira por causa das alterações climáticas, explicou.
Segundo Albert Zeufack, “o Banco Mundial vai acelerar o projeto de conectividade da fibra ótima [Internet] para a ilha do Príncipe”, tendo já acordado com as autoridades regionais “projeto de desenvolvimento do setor digital para a ilha do Príncipe”, após a instalação da fibra ótica que deverá estar concluída dentro de dois anos.
“O turismo e todas as outras atividades dependerão do digital, mesmo a educação. A transformação digital será chave, está em curso e nós iremos acelerar este trabalho, os financiamentos estão disponíveis”, disse o diretor regional do Banco Mundial, que também esteve na ilha do Príncipe em visita oficial.
O diretor regional do Banco Mundial para São Tomé e Príncipe fez-se acompanhar durante a visita uma vários responsáveis do grupo Banco Mundial, nomeadamente, o representante do IFC para STP, Sylvain Kakou, o representante do MIGA, entre outros.