O navio ‘Olívia C’, com capacidade para 300 passageiros e mercadorias, chegou hoje a São Tomé para ligação com a ilha do Príncipe, com pelo menos uma viagem semanal, assegurando o abastecimento da ilha com combustíveis e mercadorias com maior segurança e regularidade.
“Este barco foi comprado unicamente para fazer esse trajeto entre São Tomé e o príncipe, para garantir uma assistência a todos os níveis. É um barco que está previsto para 300 passageiros, mas nós nunca vamos meter 300 passageiros, será o máximo 100 e o resto em cargas, porque é um barco limitado em carga também”, disse o empresário João Cardoso que adquiriu o navio, proveniente da Grécia.
Segundo o empresário, a navio cumpre com as “normas europeias” e “com todas as certificações” e pretende por fim as carências e insegurança na deslocação de pessoas e bens entre as duas ilhas são-tomenses, com a viagem inaugural prevista para quarta-feira, apenas com combustíveis.
“O objetivo é satisfazer as necessidades do Príncipe que há vários anos que anda com carência de transportes e que a hora atual há um caos no Príncipe com falta de combustível, com falta de produtos necessários”, afirmou o empresário, na receção do navio no Porto de São Tomé.
O presidente do Governo Regional do Príncipe deslocou-se a São Tomé para testemunhar a chegada do navio, após quatro anos de “uma ligação muito precária para o nível de cargas e passageiros que precisavam de deslocar entre as duas ilhas”.
“O momento é de muita importância porque o Governo regional estimula sempre os privados em busca de respostas para que a nossa economia, que tanto vem requerendo esse fluxo cada vez crescendo com resposta de algum nível e qualidade”, disse Filipe Nascimento.
Para já, o empresário disse que não haverá alteração nos preços das viagens fixados e cerca de 2.700 dobras (109 euros), mas o presidente do Governo Regional, admite que é uma questão que deverá fazer parte das conversações entre as autoridades e os empresários para conseguir “tudo fazer para tornar o mercado mais viável, com fluxo de negócio mais vantajoso para todos e assegurar que haja uma concorrência, uma competitividade saudável em benefício da população e dos outros empresários que tanto esperam transporte para levar mercadorias e outros bens que tanto fazem falta na ilha do Príncipe”.
“Entendemos que o mais importante é termos um mercado no setor marítimo a funcionar com alguma regularidade, a segurança e um bom fluxo para dar resposta a demanda que a ligação entre as duas ilhas tanto exige”, sublinhou Filipe Nascimento.
Durante as eleições legislativas, autárquicas e regional de setembro do ano passado, o então primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus também havia anunciado as negociações para a vinda de um navio para a ligação entre as ilhas, mas o presidente do Governo regional afirmou hoje não ter sido informado das evoluções do processo.
“O navio que chega [hoje] é uma outra diligencia dada por um privado, que o Governo Regional desde a primeira hora acompanhou, encorajou e, portanto, não se trata de uma mesma embarcação [anunciada pelo Governo anterior], mas o importante é que tudo que venha seja Benvindo para a economia do nosso país e da região em particular”, explicou Filipe Nascimento.
A ligação marítima entre as ilhas de São Tomé e Príncipe dura cerca de oito horas, num percurso onde já se registaram cerca de três naufrágios causando a morte de dezenas de pessoas.
O mais recente naufrágio do navio “Anfitriti”, em abril de 2019, com cerca de 64 pessoas e uma carga de 212 toneladas, resultou na morte de 10 pessoas.
A ligação aérea que poderia ser alternativa, chega a custar cerca de 8 mil dobras (cerca de 325 euros), num país onde o salário mínimo é de 2.500 dobras (101 euros).