A população do distrito de Caué, no sul de São Tomé, pediu água, energia e estradas ao Governo que iniciou, na terça-feira, a auscultação popular para identificar as prioridades para o Orçamento Geral do Estado, que será apresentado no final do mês ao parlamento.
“Nós temos grande problema com estrada e através deste problema de estrada, nós estamos a sofrer muito. Para irmos à cidade temos que pagar 100 dobras [4 euros]. Ida e volta para a cidade são 200 dobras”, reclamou ao primeiro-ministro, Gilker Monte Mário, sublinhando que tem ainda responsabilidade por mais sete pessoas totalizando 1400 dobras em cada deslocação a capital.
A comunidade de Porto Alegre, situada no extremo sul do país dedica-se essencialmente a agricultura e pesca. No entanto, os agricultores afirmaram que “nos últimos quatro anos” não tiveram “nenhum apoio do Estado”.
“A agricultura aqui está em via de extinção”, disse um agricultor ao primeiro-ministro.
Os agricultores reclamaram ainda dificuldades na obtenção de títulos de posse de terras para cultivo que alegam ser concedidos com facilidade a pessoas que apresentam meios de investimentos, mas não apostam na produção alimentar.
O enfermeiro e presidente da comunidade de Porto Alegre, João Borges, referiu que “uma das necessidades mais importantes” para a população local “é a falta de energia”.
“Algumas vezes estamos com pacientes no posto não temos iluminação […] situação de energia está péssima”, afirmou.
“Nós temos muitas dificuldades de água para fazer chegar até a comunidade porque não temos depósito apropriado e também não conseguimos abastecer a população com água suficiente para o consumo devido a canalização antiga que existia e já não está a funcionar como é devido”, acrescentou o líder comunitário.
Durante a vista o primeiro-ministro fez-se acompanhar por quase todos os ministros que compõem o executivo e prometeu encontrar soluções para a maioria das preocupações que ouviu da população.
“Vamos tratar essa água, vamos resolver o problema da capitação”, disse Patrice Trovoada aos populares de Porto Alegre.
Patrice Trovoada adiantou também que vai encontrar verbas para a melhoria da via de acesso à comunidade Porto Alegre que se encontra em más condições de circulação, influenciando nos preços dos produtos alimentares, combustíveis e outros.
“A estrada é prioridade e, felizmente, eu penso que não vai haver problema de fonte de financiamento. Por outro lado, a estrada está degrada, mas tecnicamente não é uma degradação que vai necessitar também de grandes meios, por isso vamos também trabalhar com o GIME [Grupo de Interesse de Manutenção de Estradas], que permite também uma transferência de recursos para estas organizações rurais de manutenção de estradas”, assegurou Patrice Trovoada.
O chefe do Governo são-tomense admitiu que o setor de energia também “é um problema” no distrito de Caué, sobretudo na rede de média tensão, em que os projetos foram lançados pelo anterior Governo do ex-primeiro-ministro Jorge Bom Jesus (2018-2022), “sem respeitar os procedimentos do financiador”.
“Estamos a retomar a conversa com o financiador, corrigir aquilo que não foi feito e completarmos com cerca de 2 milhões de dólares para termos a energia da Emae [Empresa de Água e Eletricidade] 24 sob 24 horas no distrito de Caué”, afirmou Patrice Trovoada.
O primeiro-ministro disse que pretende auscultar a população de todos os distritos do país para identificar “o que parece ser prioritário para a população” a fim de ser incluído no Orçamento Geral do Estado prevê submeter a Assembleia Nacional em final de março.