O Presidente da República considerou hoje que o país “perde bastante” com a morte do cantor e vocalista principal do conjunto África Negra, ‘General João Seria”, que considerou “um verdadeiro embaixador da cultura” são-tomense, esperando “que o seu legado não se perca”.
“Foi um verdadeiro embaixador da nossa cultura. Não creio que haja um atualmente em vida, à exceção dos Calema […] que tenha levado o nome de São Tomé e Príncipe tão alto além-fronteiras. Por isso eu estou bastante triste, porque era uma pessoa com quem eu falava sem tabus, embora não sendo um daqueles amigos de todos os dias”, afirmou Carlos Vila Nova.
“São Tomé e Príncipe perde bastante. Portanto, eu espero que o seu legado não se perca, que ao nível das instituições do Estado se possa fazer prevalecer e ao mesmo tempo que de alguma maneira se encontre formas de dar sequência e perenizar aquilo que foi o João Seria”, acrescentou o chefe de Estado são-tomense.
O cantor são-tomense ‘General João Seria’, vocalista principal do conjunto África Negra, morreu hoje em São Tomé e Príncipe, aos 74 anos, por causa ainda desconhecida, disse à Lusa fonte familiar.
Gabriel João, conhecido na música como ‘General João Seria’ tem mais de 50 anos de carreira na música, que iniciou nos anos 1960, na ilha do Príncipe, no conjunto Cabana, passando pelo ‘Sangazuza’ e África Negra, do qual foi vocalista principal, e fez vários concertos internacionais, tornando-se num dos maiores nomes da música são-tomense.
O cantor são-tomense, que nasceu em 01 de setembro de 1949, foi encontrado hoje sem vida na sua residência em Santana, distrito de Cantagalo, adiantou à Lusa fonte familiar, que disse desconhecer a causa da morte.
“Ele veio recentemente do Príncipe e estava bem. Normalmente ele é o primeiro a acordar aqui na zona, mas hoje como não vimos sinal dele arrombou-se a porta e encontrámo-lo morto”, disse uma das filhas, Anita da Cruz.
João Seria é filho de mãe são-tomense e pai angolano. Fruto de uma forte amizade com o músico angolano Yuri da Cunha, o cantor esteve mais de 20 vezes em concertos em Angola.
Com o conjunto/banda África Negra, João Seria deu voz a grandes sucessos musicais, destacando-se as músicas “Aninha”, “Carambola”, “Maia Muê”, entre outras.
O Presidente são-tomense disse que acompanha o percurso do cantor desde o início da carreira, considerando que “foi um caminho de sucesso” e “tantos anos no ‘top’ da música são-tomense”.
Vila Nova recordou que esteve há três dias com João Seria na cidade de Santo António na ilha do Príncipe, onde o cantor foi artista principal convidado para as celebrações dos 28 anos da Autonomia do Príncipe assinalado, em 29 de abril.
“O ‘General’ brindou-me com informações muito úteis. Partiria, se não me engano amanhã [sexta-feira] para Luanda em mais uma missão cultural representando São Tomé e Príncipe e depois para a Itália […]. Tinha-o convidado, por muito que surpreenda toda a gente, a encontrar-se comigo no Palácio [Presidencial] hoje e eu recebo a notícia de que ele já não faz parte do mundo dos vivos”, contou Carlos Vila Nova, à margem de uma conferência de médicos da lusofonia que começou hoje em São Tomé.