ONU pede “diplomacia preventiva” para a resolução pacífica de conflitos na África Central

O representante das Nações Unidas para a África Central, Abdou Abarry, apelou à “diplomacia preventiva” e “ações concertadas orientadas para a resolução pacífica de litígios” na região, sublinhando que as crises políticas, conflitos, terrorismo e o crime transnacional organizado afetam e condicionam o potencial da sub-região.

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Rádio Somos Todos Primos

Abdou Abarry, que intervinha na 55.ª Reunião Ministerial do Comité Consultivo Permanente das Nações Unidas para as Questões de Segurança na África Central (UNSAC, na sigla em inglês), na sexta-feira, que marcou o início da presidência são-tomense da entidade.

O representante do secretário-geral da ONU identificou ainda desafios como a pirataria marítima, violações dos direitos humanos, tensões sociais, conflitos intercomunitários e desigualdades e alertou que aqueles desafios são “amplificados pelos efeitos das alterações climáticas”.

Abdou Abarry destacou o conflito na República Democrática do Congo (RDCongo) como uma questão que “passa necessariamente por uma solução política”.

“A ONU, que apoia as iniciativas de paz de Nairobi e de Luanda com vista a estabelecer uma paz definitiva e duradoura no leste da República Democrática do Congo, apela ao fim de todas as formas de violência e de atividades desestabilizadoras por parte dos grupos armados ativos na região e apelam ao seu desarmamento, à retirada do M23 [Movimento 23 de Março] das zonas ocupadas e ao fim de todo o apoio externo aos atores armados não estatais, incluindo o M23”, afirmou.

Ainda com a RDCongo como palco de conflitos, Abarry saudou a tomada de posição do Conselho de Segurança da ONU, divulgada em 17 de fevereiro, que exige “que todos os grupos armados, em particular o M23, bem como as ADF, as FDLR, as milícias Mai Mai e o Codeco, cessem imediatamente as hostilidades e se retirem incondicionalmente do leste” da RDCongo.

“Todas estas situações, como certamente concordarão, minam a segurança e a estabilidade da África Central, comprometendo assim os esforços de desenvolvimento e de construção da paz. Temos de intensificar as nossas ações para enfrentar estes desafios, reforçando a cooperação regional e internacional, partilhando mais informações e melhores práticas e investindo em soluções sustentáveis que abordem as causas profundas destes problemas”, advogou.

Nesse sentido, defendeu a importância do que designou como “diplomacia preventiva” e “ações concertadas orientadas para a resolução pacífica de litígios e para o desanuviamento das tensões sociopolíticas e militares”.

“Por conseguinte, encorajo os Estados-membros a darem à Comunidade Económica de Estados da África Central (CEEAC) o espaço e os recursos necessários para levar a cabo o seu processo de reforma, a fim de desempenhar plenamente o seu papel de motor da integração na África Central”, frisou.

Abdou Abarry chamou a atenção para os efeitos das alterações climáticas que, reiterou, representam “um amplificador de risco para a paz e a segurança, na medida em que exacerbam as tensões sociais, políticas e económicas, alimentam os conflitos armados, provocam deslocações forçadas das populações e criam ou agravam as crises humanitárias”.

As reuniões técnicas da UNSAC iniciaram-se na segunda-feira na capital são-tomense com análise de vários temas, nomeadamente sobre a segurança marítima, questões climáticas, educação e terrorismo.

O primeiro-ministro são-tomenses Patrice Trovoada sublinhou que “muito foi feito” durante os 30 anos da existência da UNSAC, mas há “um longo caminho pela frente”, por isso apelou para “uma reflexão impregnada de realismo e a uma discussão desapaixonada, capaz de permitir melhorias e avanços”.

“Esse apelo ganha ainda maior relevância pelo facto de recair sobre a República Democrática de São Tomé e Príncipe a responsabilidade de assumir as rédeas dos trabalhos nos próximos seis meses”, sublinhou o chefe do Governo são-tomense.

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