A população de Bobo-Forrô, em São Tomé, cortou a circulação de trânsito com pneus queimados e outros objetos na via, exigindo o início das obras de reabilitação de 12 quilómetros de estrada em avançado estado de degradação.
É projeto que abrange cerca de 12 quilómetro de via entre Bobo-Forrô, Diogo Simão, Obô Izaquente, do distrito de Mé-Zóchi, até Desejada, distrito de Lobata, lançado em setembro do ano passado, durante a campanha eleitoral, pelo anterior Governo liderado pelo Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), do ex-primeiro-ministro Jorge Bom Jesus, mas não teve avanços.
“Nossa estrada de Bobo-Forrô está péssima, imagina quando começar o tempo de chuva”, reclamou a residente Jacira Santos.
Um dos pontos críticos da via está no acesso ao mercado de Bobo-Forrô proveniente de Madre Deus, aonde ainda está a placa da obra lançada com prazo previsto de 15 meses.
“Estamos muito aflitos com esta situação porque todo mundo está a ver que o mercado de Bobo-Forrô está com estrada muito mal. Anteontem o autocarro ia cambalhotar com as crianças. Porque a estrada não está boa, as crianças sobem as pedras, caem, partem a perna, quem vai responsabilizar tudo isso?”, questionou Kelmei Pereira.
Na zona de Obô Izaquente a população recusou-se a falar com a imprensa, exigindo a presença do ministro. Ali, os populares ameaçaram boicotar o sistema de abastecimento de água à população da capital, caso o problema da estrada não seja resolvido.
O ministro das Infraestrutura, Adelino Cardoso, e altas chefias da Polícia Nacional estiveram em conversa com os populares em Bobo-Forrô, mas não conseguiram convencê-los a suspenderem a barricada.
“Esta estrada não danificou de ontem para hoje, está danificada há anos. Hoje é que o ministro veio, diz que a máquina vai chegar, então quando a máquina chegar, assim que começar os trabalhos, vamos libertar a estrada”, disse à RSTP, o morador Cicunga Mendes.
Contactado pela RSTP, o diretor do Instituto Nacional de Estradas (INAE) referiu que “esta foi uma obra de campanha do Governo anterior”, que não cumpriu os compromissos com a empresa executora, nomeadamente o pagamento total da garantia da obra.
Hélder Paquete disse que já se reuniu por duas vezes com os moradores e com a empresa para planear o reinício das obras e admitiu razão na barricada feita pela população.
“A população está a reclamar e com razão o problema de segurança rodoviária, porque pode haver acidentes e coisas piores”, sublinhou Hélder Paquete, após acompanhar o ministro das Infraestruturas na deslocação a Bobo-Forrô.
Ainda durante o protesto dos populares, algumas máquinas foram enviadas para Bobo-Forrô.
O diretor do INAE disse à RSTP que as obras avaliadas em 90 milhões de dobras (3,6 milhões de euros) vão ser retomadas hoje e que o financiamento já está assegurado.
“Desde que se reinicia a obra, há que pagar os serviços do empreiteiro”, sublinhou Hélder Paquete.
Estradas, água e energia são as prioridades apontadas pelo atual Governo são-tomense liderado pelo primeiro-ministro Patrice Trovoada.