Economia são-tomense termina ano em recessão, com inflação elevada e crise de divisas – Banco Central

Segundo os dados do BCSTP, o país registou até novembro uma inflação homóloga, ainda elevada, de 16,6%, mas que sinaliza uma tendência de desaceleração quando comparado aos 24,6% registados em 2022.

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Rádio Somos Todos Primos

A economia são-tomense termina o ano em recessão, com inflação elevada e crise de reservas externas, mas prevê crescimento económico de 2,9% e redução da inflação para 10,2% em 2024, anunciou hoje o governador do Banco Central de São Tomé e Príncipe (BCSTP).

Américo Ramos sublinhou que o arquipélago “ainda é muito dependente de recursos externos e, por isso, a não existência de um programa com o Fundo Monetário Internacional, na conjuntura mundial atual, foi a maior limitação” para a economia do país, “quando tudo fazia prever que 2023 seria um ano de recuperação”.

“Como consequência, até então, registou-se um nível de captação de recursos externos muito abaixo do histórico recente, o que determinou a fraca execução do Orçamento Geral do Estado, por um lado, e, por outro, limitou a capacidade do Banco Central de dar respostas às necessidades ingentes de financiamento da balança de pagamentos”, disse Américo Ramos.

Segundo o responsável do BCSTP, espera-se para este ano “uma contração do produto interno bruto em pelo menos 0,3%, impulsionada essencialmente pela contínua deterioração do investimento público e privado, com realce para a diminuição muito pronunciada de crédito à economia”.

O Governador do Banco Central referiu que a implementação do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), a partir de junho, “veio modernizar o setor fiscal, aumentar as receitas e contribuir para a diminuição do déficit primário de 5,5% do Produto Interno Bruto para 1,9%”, mas “trouxe também um aumento transitório da taxa de inflação e, por conseguinte, uma redução do poder de compra das famílias são-tomenses”.

Segundo os dados do BCSTP, o país registou até novembro uma inflação homóloga, ainda elevada, de 16,6%, mas que sinaliza uma tendência de desaceleração quando comparado aos 24,6% registados em 2022.

Apesar da recessão económica, o governador do Banco Central referiu que “o sistema bancário nacional mantém-se resiliente face aos impactos externos” e estima-se um retorno sobre ativos de aproximadamente 1,9%.

O BCSTP apontou “uma redução dos rácios de liquidez e solvabilidade”, mas refere que se situam “acima dos mínimos exigidos”.

Para o próximo ano, o governador do BCSTP prevê um conjunto de ações para a modernização do sistema de pagamentos e a criação de serviços financeiros digitais, a emissão de cartões visa nacionais, desenvolvimento de políticas e regulamentos de suporte ao financiamento verde e de medidas com vista a acautelar o aumento do nível do crédito mal parado derivado do fenómeno da emigração.

Ainda em 2024, Américo Ramos prevê “uma recuperação económica de 2,9% e manutenção de crescimento económico moderado no médio prazo, suportados por setores chaves da economia, como o setor energético e primário”, que permitirão a melhoria gradual do fornecimento da energia elétrica e da produção.

Por outro lado, “a taxa de inflação homóloga continuará a sua trajetória de desaceleração e fixar-se-á em 10,2%”, acrescentou.

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