ENTREVISTA: Líder da oposição são-tomense quer sucessor corajoso para combater o poder

Jorge Bom Jesus afirmou que desde os anos 90 que os outros partidos, admitindo que, sobretudo a ADI, do atual primeiro-ministro, Patrice Trovoada, tenta “aniquilar o MLSTP” e influenciar os seus dirigentes.

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Rádio Somos Todos Primos

O presidente cessante do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP) disse hoje esperar que o sucessor que será eleito em março seja capaz de manter o partido unido para combater o atual Governo, que considerou ter “tendência ditatorial”.

“Vamos passar por um período muito especial, muito específico, estamos a falar de um MLSTP que está na oposição e ainda vai ter de aguentar a oposição durante três anos, portanto, vamos precisar de um perfil de alguém muito corajoso, muito combativo, sobretudo capaz de juntar a família são-tomense […] de aproximar os militantes e forjar essa coesão nacional que nos escapa”, afirmou Jorge Bom Jesus.

Em entrevista à RSTP, o líder do MLSTP/PSD afirmou que o partido precisa “estar muito unido para poder combater este poder atual [da Ação Democrática Independente (ADI)] com tendência ditatorial” e defendeu que o seu sucessor deve ser “alguém que possa construir pontes com as organizações congéneres” para angariar apoios financeiros.

Jorge Bom Jesus afirmou que desde os anos 90 que os outros partidos, admitindo que, sobretudo a ADI, do atual primeiro-ministro, Patrice Trovoada, tenta “aniquilar o MLSTP” e influenciar os seus dirigentes.

“Os nossos dirigentes, e sobretudo o presidente do partido, têm de ser de uma estirpe, eu diria, quase que inabalável, inoxidável em relação a qualquer influência no sentido de nos subalternizar, até porque o MLSTP quer aparecer sempre como o partido da vanguarda”, defendeu o ainda presidente do maior partido da oposição são-tomense.

Por outro lado, Bom Jesus admitiu que o MLSTP/PSD tem tido dificuldades de eleger um Presidente da República nas últimas eleições e há cerca de 30 anos que o partido não consegue governar sozinho com maioria absoluta.

Segundo o ex-primeiro-ministro são-tomense (2010-2022) “o próprio MLSTP tem consciência de que, se não houver coesão interna, se não houver união e unidade na ação” ficará aquém do “objetivo máximo a ser cumprido que é a felicidade desse povo”.

Jorge Bom Jesus não vai recandidatar-se à liderança do partido, mas considerou que o objetivo do congresso que será realizado em 16 de março é melhorar, estruturar e preparar o partido “para os embates de 2026” e a sua direção ainda em funções terá o trabalho “de fazer a aproximação dos potenciais candidatos” porque “o adversário não está dentro do MLSTP”.

O presidente cessante do MLSTP/PSD defendeu uma revisão da constituição são-tomense para resolver “todas as incongruências” e sobretudo para “uma nova arrumação” para a realização das eleições autárquicas, regional, legislativa e presidencial de uma só vez.

Bom Jesus disse que o partido tem uma comissão preparada “com especialistas e gente idónea e bastante preparada para começar a refletir e ver de forma holística esse aspeto da constituição e as possíveis alterações”, mas considera que devem ser os partidos que formam a maioria parlamentar a iniciar o processo.

Jorge Bom Jesus preside o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD) desde 2018, ano em que assumiu a liderança do Governo (2018-2022) numa aliança entre o MLSTP/PSD, Partido de Convergência Democrática (PCD) e a União MDFM-UDD contra a Ação Democrática Independente (ADI) que venceu aquelas eleições sem maioria absoluta.

Em março do ano passado, já depois da derrota presidencial do candidato apoiado pelo MLSTP/PSD nas eleições de setembro de 2021, Jorge Bom Jesus foi reeleito presidente do partido com 51% dos votos, assumindo-se como candidato para a continuar como primeiro-ministro.

No entanto, nas eleições do ano passado, o MLSTP/PSD perdeu todas as cinco câmaras distritais, e as eleições legislativas, baixando de 23 para os atuais 18 deputados na Assembleia Nacional.

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