Suspensa barricada com pneus em chamas no sul de São Tomé para exigir estradas

O presidente da Câmara distrital de Caué, António Monteiro, disse que “a situação está um pouco difícil porque a população está toda revoltada” devido à estrada “que vai se degradando a cada dia que chove”.

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Rádio Somos Todos Primos

Foi suspensa na tarde de hoje a barricada protagonizada pela população de Ponta Baleia, no sul de São Tomé, que iniciou na noite de sexta-feira um protesto com troncos de madeiras e pneus em chamas, para exigir a reabilitação da estrada degradada há vários anos naquela localidade.

O protesto só foi suspenso após várias tentativas das autoridades policiais e da autarquia, bem como do Instituto Nacional de Estradas (INE) que prometeram iniciar intervenções para a melhoria da estrada a partir da próxima semana.

“Nós queremos que o Governo resolve o problema da estrada porque nós não temos estrada para sair de Emolve para Porto Alegre […] está totalmente danificada, é por isso que nós fizemos barricada para sair desta situação” relatou o morador, Aladino do Espírito Santo.

“Não podemos ficar assim, enquanto não houver reparação da estrada ela não pode ficar aberta”, vincou uma ‘palayê’ (vendedora de peixe), que reclama das dificuldades na deslocação para venda do pescado na cidade.

Outro morador sublinhou que a população do sul de São Tomé e Príncipe está “a viver mal”, sublinhando que devido à degradação da via o transporte para a cidade custa 200 dobras (cerca de 4 euros) para ir e regressar.

“Nós somos pescadores, não dependemos de ninguém […] o Governo tem até quarta-feira para mandar as máquinas para melhorar a estrada, porque senão vamos continuar com a barricada em outras zonas”, disse morador.

Na altura dos protestos o comandante da polícia distrital de Caué, considerou que a situação está “altamente negativa porque o povo está revoltado” e não aceita levantar o protesto.

O presidente da Câmara distrital de Caué, António Monteiro, disse que “a situação está um pouco difícil porque a população está toda revoltada” devido à estrada “que vai se degradando a cada dia que chove”.

António Monteiro disse que tem mantido contactos com o Governo e sublinhou o interesse do executivo em iniciar a resolução da situação a partir da próxima semana.

“Eu não posso garantir a 100%, mas eu sei que o Governo tudo fará para termos uma estrada minimamente com condições, porque todos nós sabemos que a situação em que está a estrada só nos provoca morte”, sublinhou o líder da autarquia de Caué

António Monteiro, que preside à Coligação Movimento de Cidadãos Independentes-Partido Socialista/Partido de Unidade Nacional (MCI-PS/PUN) que detém 100% dos vereadores na Assembleia Distrital de Caué, e cinco deputados na assembleia Nacional com acordo de incidência parlamentar com o partido do Governo, disse que a conjuntura internacional não está a facilitar a ação do executivo.

“O Governo está sensível, está a procura de financiamento, mas como sabem as coisas não estão fáceis, nós dependemos dos países estrangeiros e a situação da guerra complica tudo em São Tomé e Príncipe”, referiu António Monteiro.

Numa altura em que o ministro das Infraestruturas se demitiu do cargo há uma semana, a população exigiu a presença do primeiro-ministro Patrice Trovoada para dar garantias concretas do início de obras na estrada, o que não chegou a acontecer.

Devido a barricada, alguns turistas nacionais e estrangeiros ficaram retidos no extremo sul da ilha e queixaram-se de prejuízos nas suas agendas bem como despesas extras com hotéis onde passaram a noite.

“É uma situação totalmente alarmante que coloca em causa o bom nome do nosso turismo, o bom nome de São Tomé”, reclamou o guia turístico Juliano Pina, que regressava de Porto Alegre com um grupo de turistas, na noite de sexta-feira.

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