PR alerta para as consequências das “mentiras e intrigas” no massacre de Batepá

Carlos Vila Nova recorreu esta história “para que as pessoas saibam e cuidem-se”, aconselhando que quando não se tem a certeza, que se procure informar-se antes de propalar a informação, “para que tudo se faça na paz, tudo se faça na concórdia”.

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O Presidente da República disse hoje que “mentiras e intrigas” estiveram na base do massacre de Batepá de 1953, que várias pessoas morrem “tristemente de forma abrupta”, aconselhando à verificação dos factos para construir um futuro de paz no arquipélago.

 “O 03 de fevereiro de 1953 é visto hoje como o marco da nossa liberdade. Se a conquistámos, consideramos que foi o marco de origem para lutas que se seguissem e nós hoje pudéssemos viver em liberdade”, começou por sublinhar Carlos Vila Nova.

O chefe de Estado são-tomense falava aos jornalistas após acender uma tocha e depositar uma coroa de flores no monumento em Fernão Dias, construído em memória às vítimas e sobreviventes deste acontecimento ocorrido no período colonial.

O massacre de Batepá ocorreu em 03 de fevereiro de 1953, após a revolta dos trabalhadores locais contra as condições laborais do sistema colonial, adotadas nas roças de cacau e café da ilha.

Na repressão desta revolta, ordenada pelo ex-governador Carlos de Sousa Gorgulho, morreram 1.032 pessoas, na versão são-tomense, e entre uma e duas centenas, na versão portuguesa da época.

O Presidente da República sublinhou hoje que o acontecimento “foi o culminar de um conjunto de ações que trouxeram sofrimento” às populações, e alertou que “tudo quanto começa com intrigas e mentiras, acaba mal”.

“O 03 fevereiro desencadeou-se um bocado extemporaneamente por causa de intrigas e mentiras porque o objetivo do governador de então não era propriamente este, tanto é que ele foi reconduzido no seu mandato e com o abaixo-assinado de mais de duas mil assinaturas de naturais de São Tomé. Quer dizer que o seu percurso não foi exatamente isso, mas culminou tristemente”, referiu Carlos Vila Nova.

O chefe de Estado disse que “felizmente algumas correções foram feitas ainda na altura” e que “a própria PIDE”, Polícia Internacional e de Defesa do Estado, no seu primeiro relatório nos dias que se seguiram ao massacre “concluiu que não havia nem subversão organizada, não havia criação de nenhum grupo comunista” e “não havia nenhuma motivação política por parte disto”.

“Portanto, foi pura e simplesmente na base de mentiras e intrigas que motivaram o governador na sua procura de mão-de-obra a recorrer a rusgas e através das rusgas, começou então o derramamento de sangue”, sublinhou o Presidente são-tomense.

Carlos Vila Nova recorreu esta história “para que as pessoas saibam e cuidem-se”, aconselhando que quando não se tem a certeza, que se procure informar-se antes de propalar a informação, “para que tudo se faça na paz, tudo se faça na concórdia”.

Imagem do Gabinete do Primeiro-ministro

O chefe de Estado são-tomense disse esperar que “os exemplos daqueles que perderam a vida tristemente de forma abrupta e com maldade” sirvam para a construção de “um futuro de paz, de harmonia” e que congregados os são-tomenses sejam “capazes de mudar para bem o destino de São Tomé e Príncipe”.

Carlos Vila Nova assegurou que há “algumas diligências feitas pelo Estado, sobretudo o Governo” para apoiar os poucos sobreviventes do massacre de Batepá que ainda estão vivos, mas apelou contribuição de todos com “pressões” e “ações” para “que o próprio Governo, o Estado possa fazer mais”.

“Essa singela atividade é duma elevada consideração para nós os são-tomenses, sobretudo ela nossa história […] a história fica para trás, mas também é eterna, desde que nós a mantenhamos viva e mantermos essa história viva é estarmos a fazer homenagem sempre que pudermos”, sublinhou a presidente do parlamento são-tomense, Celmira Sacramento.

Imagem do Gabinete do Primeiro-ministro

O ato central que reuniu os membros dos órgãos de soberania, representantes de missões diplomáticas, igrejas e sociedade civil em Fernão Dias, foi antecedida da tradicional “marcha da liberdade” que partiu da Praça da Independência, na capital são-tomense, com a participação de milhares de jovens.

“É sempre uma alegria ver a afluência das pessoas, sobretudo da juventude que não deixa de marchar nesse dia. É um sinal positivo que os jovens continuam a preservar a memória, a nossa identidade, o espírito de luta e respeitar também aqueles que deram a vida pela independência”, sublinhou o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada.

O chefe do Governo são-tomense disse que a larga adesão popular “a juventude está mobilizada, é nacionalista, é patriota” e isto é o que é importante para o futuro do país.

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