O Presidente da República, Carlos Vila Nova está desde sexta-feira na Guiné Equatorial para participar na cimeira extraordinária dos chefes de Estado e Governos da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), que admitiu poder discutir uma moção de rejeição ao presidente da comissão da organização, o angolano Gilberto Veríssimo.
A cimeira acontece numa altura em que a RFI noticiou que o presidente da Comissão da CEEAC, o angolano Gilberto da Piedade Veríssimo, enfrenta uma moção de rejeição face à relatórios confidenciais que denunciam a sua má gestão.
A RFI refere que a sanção está em cima da mesa e será submetida à decisão dos chefes do Estado na reunião de hoje.
Carlos Vila Nova não confirmou a informação, mas admitiu que o assunto poderá ser analisado.
“Parece-me que é um assunto ‘had hoc’, não é propriamente um assunto que constava da agenda dos trabalhos e por não ser ele [o assunto] tem que ser discutido em diversos”, disse o chefe de Estado são-tomense, quando questionado pela RSTP.
No entanto Vila Nova referiu que “a cimeira tem uma parte que é à porta fechada” reservada aos chefes de Estados, pelo que “se o assunto fôr considerado relevante ele pode ser introduzido” na agenda para a deliberação dos chefes do Estado.
Segundo a RFI Gilberto da Piedade Veríssimo enfrenta uma moção de rejeição, o que significa que o angolano não cumpriu as suas funções.
“Isso mostra que ele não está no lugar certo e não tem competências suficientes”, avançou à RFI um quadro da comissão da CEEAC.
A RFI refere que em agosto de 2020, quando chegou ao posto, o diplomata angolano recebeu várias tarefas, nomeadamente a de adoptar um regulamento interno, especificar as funções de vários altos responsáveis, entre outras. Mas, nada terá sido feito.
Diz que os funcionários queixam-se da sua gestão, que qualificam de autoritária e opaca, além da violação dos procedimentos e que o assunto chegou aos mais altos patamares da organização.
Acrescenta a RFI que um relatório de peritos destacou as falhas, nomeadamente “a fraca implementação das recomendações” da CEEAC e em 26 de Fevereiro, os chefes de Estado-maior da organização confirmaram a moção [de rejeição] “considerando os resultados aquém das tarefas atribuídas”, como se pode ler na acta da reunião.
“Se adoptarem a moção, será a primeira vez na história da CEEAC. Com a moção aprovada, Gilberto da Piedade Veríssimo só tem pela frente o caminho demissão”, confiou uma fonte da organização ao jornalista da RFI em francês Sébastien Németh.