Os trabalhadores da Agripalma, maior empresa de exportação de São Tomé que está paralisada há mais de um mês por uma greve de trabalhadores, que exigem aumentos salariais e condições de trabalho, saíram às ruas de São Tomé, na terça-feira, apelando maior intervenção do Governo.
A marcha que contou com a participação de dezenas de trabalhadores culminou com a entrega de uma petição ao primeiro-ministro Patrice Trovoada para apelar a mediação do Governo para o fim da greve.
No início da paralisação os cerca de 800 trabalhadores da Agripalma exigiram o aumento do salário em 38%, mas durante as negociações reduziram para 30% e agora admitem apenas 15%, mas dizem que a direção da empresa recusa aceitar, admitindo apenas o aumento de 8%.
“Os trabalhadores acharam que não é conveniente sabendo que o nosso país nesse momento encontra-se num estado um pouco crítico, então o salário não satisfaz”, disse o presidente do sindicato dos trabalhadores, Amilcar Bonifácio, prometendo terminar a greve assim que a direção da Agripalma comprometer-se com o aumento de 15%.
A Organização Nacional dos Trabalhadores de São Tomé e Príncipe (ONT-STP) que apoia o sindicato dos trabalhadores da Agripalma, sublinhou que “as condições do trabalho não são as melhores em relação as exigências e comparando com o salários que as pessoas recebem” na empresa.
“A agripalma é uma empresa importante para o país, contribui bastante para os impostos e também na absorção de grande parte de mão-de-obra. Isto para nós é bom, mas no entanto o comportamento da direção da empresa não é o melhor, lamentou, o secretário-geral da ONT-STP, João Tavares.
O líder da maior Central Sindical são-tomense apelou ao Governo que faça “uma intervenção justa e equilibrada para que possa terminar essa greve, no bom sentido em que as partes saiam a ganhar”.
Antes da marcha dos trabalhadores o primeiro-ministro são-tomense sublinhou que a Agripalma “é uma empresa privada que já há anos tem alguma dificuldade de relacionamento com os trabalhadores”, declarando que está de acordo “com um certo número de questões” reivindicadas pelos trabalhadores.
“Nós já interviemos a tentar mediar entre os trabalhadores e a direção. Até certo ponto os trabalhadores já flexibilizaram muitas coisas e estamos a espera que a direção também flexibilize um pouco”, disse Patrice Trovoada.
O chefe do Governo são-tomense referiu que o Governo não tem “intervenção direta” no caso, considerando que “é uma situação um pouco delicada” e uma certa intervenção do executivo poderia fazer pensar que estaria a impor e a coagir o investidor.
Patrice Trovoada disse que o papel do Governo é “defender o direitos dos trabalhadores”, no que respeita a “higiene, segurança e outros direitos”.
“Eu gostaria de ver a Agripalma flexibilizar um pouco mais a sua posição, não tem sido o caso”, disse o primeiro-ministro, assegurando o “apoio do Governo em outras questões”, nomeadamente “outro incentivo qualquer” à Agripalma para a empresa melhorar as situações dos trabalhadores.
“Todos nós temos a perder [com a greve], o país porque é uma grande indústria nacional, os trabalhadores porque estamos numa zona de extrema pobreza e o emprego é fundamental, e a própria Agripalma que fez grande investimento no país e eu estou convencido que não pode ficar com a produção parada”, sublinhou Patrice Trovoada.
A Agripalma foi inaugurada em finais de 2019 anunciado a capacidade para produzir 10 mil toneladas anuais de óleo de palma num investimento que custou à sociedade belga Socfinco 30 milhões de euros.
Situa-se a cerca de 60 quilómetros a sul de São Tomé, capital do país, e tem uma área de 2.100 hectares de palmeiral plantados, tendo se afirmado a partir de 2020 como a maior exportadora com cerca de 4900 toneladas de óleo de palma superando a exportação do cacau.