O Conselho Nacional da Juventude e a Associação dos Estudantes do Liceu Nacional apelaram ao diálogo entre o Governo e os sindicatos para “o fim imediato” da greve dos professores que paralisa as escolas do arquipélago, deixando 80 mil crianças e jovens sem aulas há três semanas.
A presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), Endeusa Joaquim, manifestou “profunda preocupação” em relação à greve, considerando que “está a impactar não apenas os profissionais da educação, mas também as famílias e jovens” do país.
“Devemos reconhecer os constrangimentos significativos que esta paralisação das aulas tem causado aos pais e encarregados de educação, bem como às crianças e jovens que estão privados do acesso à educação, um direito essencial para o seu desenvolvimento”, apontou a líder do CNJ, em comunicado de imprensa, na sexta-feira.
“Neste sentido apelamos veementemente ao diálogo, ao consenso e à responsabilidade social tanto por parte do Governo quanto das centrais sindicais da educação. É fundamental que ambas as partes se comprometam a encontrar uma solução que ponha um fim imediato a esta greve e que permita o retorno das crianças, adolescentes e jovens às escolas”, acrescentou.
A greve geral dos professores teve início nas primeiras horas do dia 01 de março e paralisou todas as escolas do arquipélago, do ensino pré-escolar ao secundário, para exigir o aumento do salário base de 2.500 para 10 mil dobras, cerca de 100 para 400 euros, sendo este o único ponto ainda sem acordo, segundo o primeiro-ministro.
A líder da maior plataforma juvenil são-tomense apelou “à sensatez, à compreensão mútua e à vontade de encontrar uma solução rápida e eficaz para esta situação”, sublinhando a necessidade de, juntos, se superar “este impasse” e garantir que as crianças e jovens retornem às aulas.
Por seu turno, Sokheyna Santiago liderou hoje uma equipa da Associação dos Estudantes do Liceu Nacional (AELN) que pediu esclarecimento ao primeiro-ministro, Patrice Trovoada, para saber “qual é a solução que o Governo tem para travar essa greve”.
Segundo a estudante, o chefe do Governo reafirmou que não será possível aumentar o salário de base dos professores, mas prometeu reunir-se com os sindicatos na próxima semana.
“Por enquanto a greve continua”, disse Santiago.
A presidente da AELN disse que também se reuniu com os sindicatos dos professores que “disseram que os motivos da greve não é apenas o aumento salarial, mas também a qualidade do ensino”.
Diante do impasse, sem fim à vista, a representantes dos alunos apelou aos sindicatos e ao Governo que “sentem à mesa, resolvam os problemas e que regressem às aulas porque os prejudicados são os alunos, principalmente os que têm exame no final do ano e depois têm que entrar para a universidade”.
“Nós não estamos a defender nem o Governo nem os professores. Estamos aqui para reivindicar os direitos dos nossos colegas, que é o Direito à Educação, porque quem está a ser prejudicado somos nós. A última coisa que queremos apelar é que tanto o Governo como as centrais sindicais sentem à mesa e resolvam o problema”, insistiu.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro são-tomense advertiu os professores que “três semanas é demasiado” e pediu o fim da greve.
“A questão do salário de base de 10 mil dobras, não é possível”, insistiu o primeiro-ministro, referindo que o salário base do primeiro-ministro é 9.700 dobras e cerca de 7 mil dobras para os ministros.
No entanto, Patrice Trovoada assegurou que os subsídios de natal e de férias que serão pagos a partir deste ano permitirão um aumento de rendimento dos professores do pré-escolar, primeiro ciclo do básico e ensino secundário, entre 15,9% a quase 40%, sem incluir a regularização das carreiras, numa altura em que a inflação se situa em 16%.