Os sindicatos de professores são-tomenses anunciaram que a greve na educação poderá ser suspensa “brevemente” com “resultados positivos” discutidos no primeiro encontro com o primeiro-ministro desde o início da paralisação em 01 de março.
Na quarta-feira (03), no final da reunião de mais de três horas, que solicitaram ao executivo, Patrice Trovoada, a porta-voz da intersindical composta pelos quatro sindicatos de professores são-tomenses sublinhou que a negociação está “a caminhar para o entendimento”.
“O que eu posso dizer é que está a caminhar para a positividade e que brevemente nós teremos resultados positivos para ambas as parte”, disse Vera Lombá.
Até então as oito rondas negociais entre o governo e os sindicatos tiveram a participação de quatro ministros, mas a porta-voz da intersindical admitiu que o sinal de solução para a greve só ficou claro agora, após este primeiro encontro com o chefe do Governo, Patrice Trovoada.
“Acho que era o que faltava. Quem decide é mesmo ele, portanto estamos a caminho do entendimento […] finalmente alguém falou alguma coisa que nós queríamos ouvir, o senhor primeiro-ministro falou”, disse Vera Lombá.
Segundo a sindicalista, com este encontro “muita coisa ficou clara”, nomeadamente a questão do aumento salarial que definitivamente ficou para ser discutido futuramente para ser efetivado no próximo Orçamento do Estado de 2025, o aumento das horas extras, o reajuste dos salários ao nível do primeiro ciclo e pré-escolar que irão ser trabalhados e incluídos no memorando a ser assinado “brevemente”.
Até então, os sindicatos disseram que a proposta do Governo representava um aumento de 500 dobras (cerca de 20 euros) para a categoria mais alta e 330 dobras (quase 14 euros) para a categoria mais baixa”, ao que admitiram hoje que “vai mudar”.
“Vai melhorar e nós vamos estar todos contentes no final do dia”, sublinhou Vera Lombá, após o encontro com o primeiro-ministro.
Antes, os sindicalistas tinham sido recebidos pelo Presidente da República Carlos Vila Nova, que apontaram como “uma entidade bastante sensível a causa da educação”.
“O que nós entendemos desse encontro é que o senhor Presidente da República vai fazer a sua magistratura de influência para que as duas partes consigam se aproximar ainda mais porque há questão que realmente não são tão difíceis de resolver”, disse o represente da intersindical, Clementino Boa Morte.
Entretanto, em resposta ao líder da oposição, que na terça-feira instou o primeiro-ministro a sentar-se com os sindicatos dos professores, a Ação Democrática Independente (ADI), presidida pelo primeiro-ministro, sublinhou hoje, em comunicado de imprensa, que o pedido de audiência com o chefe do executivo “só foi feito agora”.
“E se após um mês de greve e mesmo conhecendo as reais situações financeiras e económicas do país e igualmente a situação dos restantes funcionários públicos os sindicatos insistem na greve, é óbvio que esta greve deixou de ter apenas um pendor reivindicativo, e passou a ter outros contornos que ficaram claros quando vimos na manifestação a presença de várias figuras dos partidos da oposição”, disse o porta-voz da ADI, Alexandre Guadalupe.
A greve dos professores teve início em 01 de março, com a exigência inicial de aumento do salário base de cerca de 2.500 para 10.000 dobras (quase 100 para 400 euros), que o Governo disse ser impossível, passando as negociações a centrar-se em melhorias de subsídios.