Osvaldo D’Abreu lança livro sobre o petróleo e as expetativas geradas nos agentes económicos

Osvaldo D’Abreu referiu que a obra contém evidências de “como as receitas petrolíferas caíram de repente” nos cofres de Estado são-tomense numa altura em que o arquipélago ainda não tinha “quase nada” sobre a produção do petróleo.

Economia -
Osvaldo Abreu

O ex-ministro das Infraestruturas, Osvaldo D’Abreu, lançou um livro sobre “o Petróleo em São Tomé e Príncipe: os efeitos das expectativas geradas nos agentes económicos”, considerando que “é um ativo” que o país não tem sabido aproveitar.

“Posso dizer e garantir que 80% dos investidores estrangeiros que continuavam a bater-nos à porta têm foco na existência do petróleo e nem querem ouvir falar de que não vai haver petróleo”, sublinhou Osvaldo D’Abreu, dizendo que constatou isso durante os quatro anos [2018-2022] em que foi ministro das Infraestruturas e Recursos Naturais, no XV e XVII Governo.

“É um ativo que nós não temos sabido aproveitar”, afirmou o ex-ministro, que falava no lançamento do seu livro, que resultou da sua tese de doutoramento e aborda a forma como o petróleo interage com a sociedade e como transformou o país desde 1997 até hoje.

Osvaldo D’Abreu referiu que a obra contém evidências de “como as receitas petrolíferas caíram de repente” nos cofres de Estado são-tomense numa altura em que o arquipélago ainda não tinha “quase nada” sobre a produção do petróleo.

Citou como exemplo quatro milhões de dólares em 1997/98 investidos pelas empresas petrolíferas, 49 milhões de dólares, em 2004, do primeiro leilão da zona conjunta entre São Tomé e Príncipe e Nigéria e 27 milhões de dólares, em 2007, do segundo leilão da mesma zona conjunta “e outros pares de milhões que foram caindo” das empresas e ao longo do processo na Zona Económica Exclusiva.

“Quando nós dizemos se vamos ou não descobrir o petróleo, o efeito do petróleo está presente, esteve sempre presente ao longo desses mais de 20 anos em nós, na nossa sociedade”, defendeu Osvaldo D’Abreu.

Segundo o ex-ministro as informações “começaram a ter origem de fora para dentro”, incluindo uma “que reportava um índice de acumulação de hidrocarboneto que ultrapassava os cinco a 10 milhões de barris de reservas” em São Tomé e Príncipe o que fez despertar interesses de vários investidores pelo arquipélago.

Em função disso o país ficou mais conhecido, mais aberto ao mundo, com novos investimentos, agências, empresas de aviação, bancos, construção civil, turismo e muitos empregos, referiu.

O ex-governante salientou, contudo que muitos “investidores viram-se aflitos” e continuam, tendo em conta a não concretização das perspetivas de descoberta do petróleo no arquipélago, alertando que são necessárias mudanças.

“O problema que se coloca é como lidar com este processo de forma responsável, de forma consciente, tendo as informações que já tivemos, para evitarmos os erros que já cometemos e aproveitarmos melhor dele, incluindo as expectativas que continuam a aflorar”, referiu.

Em declarações aos jornalistas apontou que “o documento sobre a estratégia do setor foi desenhado há 20 anos”, que a zona de exploração conjunta com a Nigéria não é agora a mesma, nomeadamente “em termos das perspetivas, expectativas, empresas interessas, receitas, recursos humanos”, e ainda pelo facto de a Zona Económica Exclusiva não ter “a geografia que tinha há 10 anos, 20 anos”.

O ex-primeiro-ministro são-tomense (2018-2022) Jorge Bom Jesus, que assistiu à apresentação do livro, também defendeu que é preciso “encontrar alternativas”, admitindo que “o petróleo continua a ser uma grande mola que move a esperança de qualquer pobre”, admitindo que “continua a ser o milagre” para o arquipélago.

Em outubro de 2022, o consórcio Galp e Shell confirmou “a existência de um sistema petrolífero ativo” em São Tomé e Príncipe, mas sem evidência de que “tenha um potencial recuperável suficientemente grande para ser comercial”.

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