Eu tinha conhecimento da assinatura do acordo, mas com o primeiro-ministro ainda não falei – PR

O Presidente da República disse que nem Portugal é fator de bloqueio ao acordo de cooperação militar entre São Tomé e Moscovo nem há razões para crispação, após ter abordado o tema com o seu homólogo português.

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Carlos Vila Nova

O Presidente da República quebrou o silêncio sobre a polémica à volta do acordo de cooperação militar entre São Tomé e Príncipe e Rússia, afirmando que sabia da assinatura do documento, falou com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, após a polémica, mas, até domingo, não havia falado com o primeiro-ministro Patrice Trovoada sobre o assunto.

“Eu tinha conhecimento da assinatura do acordo, mas com o primeiro-ministro ainda não falei, até porque eu espero que essas etapas a que eu me referi, sobretudo [o envio do acordo] à Assembleia Nacional, seja efetuada o mais rapidamente possível, até para evitar essa falta de esclarecimento e termos as coisas com maior lisura”, afirmou Carlos Vila Nova.

O chefe de Estado falava no domingo, quando interpelado pelos jornalistas, após participar numa missa na paróquia de Fátima, em Bom Bom, onde disse acreditar que “não haja motivos de preocupação” para os países amigos, sublinhando que “a Rússia é um parceiro de São Tomé e Príncipe “sem interrupção”, sobretudo nas áreas de Defesa e Segurança.

“É competência dos Governos assinar o acordos […] parece-me que a forma pode suscitar alguma divergências de opinião e é por isso que eu daqui [na igreja de Fátima], desse lugar de paz, de tranquilidade espiritual, insto o Governo a proceder com maior celeridade possível para o cumprimento das etapas subsequentes […] que podem ajudar a esclarecer a situação”, referiu Carlos Vila Nova.

Segundo a agência de notícias oficial russa Sputnik, o acordo militar “por tempo indeterminado” foi assinado em São Petersburgo em 24 de abril e começou a ser implementado em 05 de maio, prevendo formação, utilização de armas e equipamentos militar e visitas de aviões, navios de guerra e embarcações russas ao arquipélago, o que gerou divergências ao nível sociopolítico, nacional e internacionalmente.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro Patrice Trovoada, afirmou que o seu executivo não precisa de Portugal para se relacionar com a Europa e avisou que as autoridades portuguesas só conhecerão o acordo militar com a Rússia se for publicado.

Patrice Trovoada reagia às declarações do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que, na quinta-feira, afirmou desconhecer o acordo de cooperação militar assinado entre São Tomé e Príncipe e a Federação Russa, mas que vai querer conhecer o documento.

Reagia também às declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) português, Paulo Rangel, que afirmou, na quinta-feira, que Portugal e “outros Estados europeus manifestaram estranheza, apreensão e perplexidade perante este acordo”.

“Eu penso que com os próximos dias, com o andamento da situação tudo se esclarecerá, não há por parte de nenhum parceiro tentativa de bloquear, seja o que for. Há é uma necessidade talvez de lisura, cumprir essas etapas, ter em conta os procedimentos necessários”, afirmou Carlos Vila Nova.

O Presidente são-tomense disse que nem Portugal é fator de bloqueio ao acordo de cooperação militar entre São Tomé e Moscovo nem há razões para crispação, após ter abordado o tema com o seu homólogo português.

“Existe muito ruído à volta do problema, mas Portugal de maneira nenhuma é um fator de bloqueio à assinatura desse acordo, que é algo que diz respeito a São Tomé e Príncipe”, afirmou Carlos Vila Nova.

Carlos Vila Nova disse que conversou com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, na sexta-feira à noite, e não ficou com o sentimento de que haja um clima de crispação, após as declarações feitas por dirigentes dos dois países.

O chefe de Estado são-tomense apelou à “calma a todas as partes” para que se possa trazer contributos para o bem de São Tomé e Príncipe “porque o país vive momentos muito difíceis socioeconomicamente”.

Carlos Vila Nova defendeu que é preciso as autoridades são-tomense evitarem “que haja colisões” de opiniões, ações e de atitudes entre os parceiros da Rússia e outros da NATO que apoiam São Tomé e Príncipe na fiscalização do Golfo da Guiné.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro são-tomense disse que, do lado são-tomense, “as coisas estão claras, estão tranquilas” e o acordo com a Rússia “está em vigor” e vai ser efetivado, após seguir os procedimentos internos.

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