“Eu espero que o FMI nos traga soluções” – PM admite não haver ainda condições para acordo

O primeiro-ministro sublinhou que “o FMI faz constatações”, mas o Governo está “no real a lidar com uma situação que é extremamente complicada”.

Economia -
Patrice Trovoada

O primeiro-ministro são-tomense admitiu não existirem ainda condições para a assinatura do acordo com o Fundo Monetário Internacional e disse esperar que o FMI “traga soluções” face a situação “extremamente complicada” do arquipélago.

Patrice Trovoada, que falava quinta-feira à noite à chegada de uma deslocação ao estrangeiro, disse que vai encontrar-se nos próximos dias com uma missão técnica do FMI que está no arquipélago há uma semana, no âmbito das negociações com o Governo são-tomense, em curso há quase dois anos, tendo em vista a assinatura do novo acordo de facilidade de crédito alargado.

“Vou lhes receber um dia desses e não vai haver, por enquanto, condições de assinar-se um novo acordo. É uma missão técnica, ela tem estado a trabalhar connosco, no fundo, para recolher mais alguns dados, mais alguma informação e depois para ver o que é que poderão ser as recomendações do lado deles em termos de medidas […]. Eles vão fazer propostas, nós vamos fazer contra propostas e veremos como é que vamos avançar”, disse Patrice Trovoada.

O chefe do Governo são-tomense reagiu também as declarações do chefe da missão técnica do FMI, Slavi Slavov, que alertou, na quarta-feira, que São Tomé e Príncipe tem a dívida “a um nível muitíssimo elevado” e não tem financiamento para importar bens necessários.

“Eu ouvi aí algumas declarações que o país não tem dinheiro para importar [bens], que o país está cheio de dívidas […] esse país não tem dinheiro para importar, pelo menos desde que eu cheguei ao poder [em novembro de 2022], […] por isso não é novidade nenhuma e nós temos estado há dezoito meses a viver com todas as dificuldades e a tomar conta do essencial”, disse Patrice Trovoada.

“O país tem dívidas sim e não é novidade. É preciso saber se é boa dívida, uma má dívida. Mas quando você tem que assegurar cinco milhões e poucos de euros do salário mensalmente e quando você tem que assegurar quase todos os trimestres onze milhões ou mais de euros de combustível, quando você não tem divisa e quando a ajuda internacional não tem aparecido, como é que você faz?” acrescentou.

Patrice Trovoada falava no aeroporto de São Tomé, na noite de quinta-feira, no seu regresso ao país, depois de ter estado no Chade, em Portugal e na Venezuela.

O primeiro-ministro sublinhou que “o FMI faz constatações”, mas o Governo está “no real a lidar com uma situação que é extremamente complicada”.

“Eu espero que o FMI nos traga soluções e é isso que nós vamos tentar discutir com eles e ver se as soluções são aceitáveis para nós, porque, na última instância, o que importa são os são-tomenses”, defendeu Patrice Trovoada afastando “soluções fáceis”, nomeadamente de aumentar o preço do combustível, da eletricidade e o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA).

“Estamos a lidar não com números, estamos a lidar com pessoas e eu tenho a responsabilidade de tomar conta das pessoas e vai ser assim a discussão”, sublinhou o primeiro-ministro.

Na quarta-feira, após reunir-se com a missão do FMI, o Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova, disse esperar um entendimento entre o Governo e a instituição financeira internacional para a assinatura do acordo de crédito alargado, sem o qual considerou que nenhum parceiro fará ações práticas no arquipélago.

No entanto, o chefe de Estado são-tomense sublinhou que “é preciso também que o FMI tenha consciência que não pode, de nenhuma maneira, em nenhum momento, haver comportamentos ou atitudes que possam constituir uma espécie de bloqueio”.

Últimas

Topo