Falta de financiamento adia participação da única atleta paralímpica são-tomense nos jogos internacionais

Mardina é deficiente em uma perna desde os 12 anos, por consequência de uma poliomielite, e há cerca de dois anos que começou a praticar o atletismo na modalidade de lançamento de peso.

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Atleta paralímpica

Mardina Marques, é atualmente a única atleta feminina no Comité Paraolímpico de São Tomé e Príncipe e viu este ano o seu sonho de se estrear nas competições internacionais adiado por falta de meios financeiros.

Um dos grandes objetivos de Mardina eram os jogos paraolímpicos de Paris 2024 que terá o início no mês de agosto, mas atleta ficará de fora por não ter conseguido participar nas competições anteriores, nomeadamente na Tunísia, necessárias para garantir a classificação para os jogos de Paris.

“Mas isso não me impõe para desistir porque são coisas que acontecem, são apenas barreiras que dá para superar”, disse, Mardina Marques à RSTP.

Mardina é deficiente em uma perna desde os 12 anos, por consequência de uma poliomielite, e há cerca de dois anos que começou a praticar o atletismo na modalidade de lançamento de peso.

A construção de um Centro para a preparação e treinos continua a ser das uma das principais dificuldades para os atletas paraolímpicos.

“Maior dificuldade que a gente esbarra é o espaço, os materiais não são adequados, treinamos praticamente sem meios. Nós sabemos que o único lugar [para treinar] é o Estádio Nacional 12 de Julho que não tem as melhores condições para o treino, mas damos jeito sempre”, sublinhou a atleta.

 “A dificuldade é enorme, mesmo a pista para pessoas com deficiências é complicada, porque quando fica molhada há tendência de escorregar, mas se nós tivéssemos espaços realmente adequados para pessoas com deficiências seria mais facultativo”, acrescentou a atleta.

Pouca valorização do desporto paraolímpico no país, também foi um dos aspetos lamentados pela atleta, que apesar disso promete continuar em busca de grandes resultados.

“Espero muito a colaboração de todos para essa luta que não é fácil, nós contamos também com apoio de todos que sabemos que não é fácil [devido] a situação que o país atravessa, nós temos [tudo] para dar, é só nos dar oportunidades, então tudo que eu desejo é que [as pessoas] nos ajudam”, apelou.

Mardina Marques vem de uma família humilde, sendo que a mãe é palaiê e o pai pescador. Além de exercer a função como atleta paraolímpica, Marques é mãe e professora.

“Sofri muito preconceito, porque a nossa sociedade não está preparada para receber pessoas com deficiências. Quando eu cheguei nona classe tentei desistir, porque há sempre um ‘apartheid’, sempre se põe de fora as pessoas com deficiências, então é praticamente uma exclusão, você fica excluído praticamente do meio em que vive […] mas, eu como sou persistente nada vai me fazer voltar atrás”, disse.

O seu interesse pela prática do desporto surgiu após um incentivo da Associação dos Deficientes Físicos de São Tomé e Príncipe.

Mardina Marques, é atleta paraolímpica na categoria F-52 em lançamento de peso e treina três vezes por semana no Estádio Nacional 12 de julho.

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