A Polícia Nacional de São Tomé e Príncipe deteve 11 pessoas, no domingo, acusados por invasão de propriedade privada, ameaça e desobediência, mas o advogado dos detidos, rejeitou as acusações, e denunciou o ministro da Defesa de ter ido “ao terreno com AK47 no peito a fazer tiro contra cidadãos”.
Foram 9 homens e duas mulheres que participavam numa manifestação na comunidade de Voz de América, no distrito de Cantagalo, reivindicado o direito de posse sobre um terreno que a população local alega ter sido abandonado há vários anos.
Para travar a manifestação a polícia disparou tiros ao ar e recorreu a outros meios.
“O dispositivo policial que se deslocou ao local usou a força estritamente necessária para reposição da ordem pública”, assegurou a porta-voz da Polícia Nacional, Daniela Cunha, em comunicado de imprensa.
Segundo a Polícia os 11 detidos foram encaminhados ao Ministério Público.
Entretanto, o advogado Miques João Bonfim, que representa os detidos, afirma que cumpriu os requisitos para a realização da manifestação, e por isso já avançou com a queixa contra a Polícia e a câmara distrital de Cantagalo.
“Polícia Nacional não autoriza manifestação. A manifestação é comunicada, cumprindo os trâmites legais, 72 horas antes […] não se pede autorização para a manifestação”, vincou o advogado.
Miques Bonfim lançou ainda acusações contra o ministro da Defesa e Administração Interna, Jorge Amado.
“Dois dias antes senhor ministro da Defesa tinha ido ao terreno, Polícia Nacional tinha ido ao terreno, já agrediram pessoas, deram ‘palada de machin’ (catana) […] senhor ministro da Defesa foi ao terreno duas vezes, tem registo […] foi ao terreno com AK47 no peito a fazer tiro contra cidadãos. Queremos saber em que condições ele faz isso”, acusou, Miques João Bonfim, em declarações à RTP África, após formalizar queixa no Ministério Público.
Contactado pela RSTP, o Ministério da Defesa recusou reagir às acusações.