O projeto Cartas com Ciência em parceria com o Ministério da Educação, Cultura e Ciências através da Biblioteca Nacional promoveu durante dois dias a oficina “YE(P)STEM para a formação de 23 professores de diferentes disciplinas dos ensinos básico e secundário de vários distritos de São Tomé sobre “Equidade do Ensino e aprendizagem”.
“Esta iniciativa surge da necessidade de trazer mais equidade do ensino e aprendizagem de ciências, de alargar o acesso a ferramentas que estão disponíveis e baseadas em pesquisas de professores e professoras de língua portuguesa em vários países, mas também da parceria entre a nossa associação, laboratório de escrita e (re)escrita de textos e a Biblioteca Nacional de São Tomé e Príncipe [para] trazer assim uma oficina de co-criação com professores de São Tomé”, disse a investigadora da Universidade de Aveiro, Mariana Alves.
O projeto da Cartas com Ciência “YE(P)STEM” visa alargar o acesso a ferramentas de práticas equitativas em aprendizagem “STEM” (sigla em inglês que significa Science, Technology, Engineering and Mathematics – Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, em português), em contexto não formal para as comunidades de língua portuguesa, com base no projeto britânico-estadunidense “YESTEM (Youth Equity and STEM)” e adaptando-o às necessidades específicas dessas comunidades e contextos através de oficinas de co-construção.
A investigadora referiu que através desta formação “há uma necessidade de mais conteúdos estarem acessíveis” que são traduzidas em ferramentas para serem usadas na sala de aula “para um ensino mais justo e que cada jovem sinta que a ciência pode ser para si”.
Mariana Alves acredita que é através de partilhas de experiências que estes professores vão conseguir aplicar mais ações para que “o ensino seja mais justo e equitativo na sala de aula”, manifestando o interesse em poder alargar esta formação no próximo ano para mais professores ao nível do país.
“Em termos práticos a promoção da equidade não há receitas fixas, mas há sim algumas ideias que se tentam trabalhar dentro de cada contexto”, ressaltou a investigadora da Universidade de Aveiro sublinhando que “uma delas é desafiar os estereótipos na sala de aula” e “quem pode ser cientista”.
“Os cientistas não são só os outros e pessoas diferentes de mim, reconhecer o valor que cada jovem traz para a sala de aula e que sintam que a ciência também pode ser para elas”, completou Alves.
A diretora da Biblioteca Nacional, Marlene José, considerou que um dos objetivos desta formação é a “promoção da literacia” tanto em linguística como em científica, bem como a “troca de uma maior interação entre os professores e os alunos” na sala de aula.
“E para cumprirmos estes objetivos, nós sempre buscamos por parcerias de outros projetos e um dos projetos é a ´Cartas com Ciência` que tem esse fim, a escrita de cartas para cientistas e no fim para nós também atrairmos mais estudantes à biblioteca, tendo em vista que aqui é a casa do conhecimento onde se pesquisa por obras literárias e também obras científicas”, disse Marlene José.
YE(P)STEM (Ferramentas para Equidade na Educação em Ciências) conta com a parceria do YESTEM, da Biblioteca Nacional de São Tomé e Príncipe, do Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro (Portugal), da Biochemical Society (Reino Unido) e da Ciência Viva (Portugal).