Entrevista: Kleusa Mery quer promover músicas com raízes e identidade são-tomense

Kleusa Mery acredita que os cantores são-tomenses devem lutar “para ter uma identidade” e fazer com que a música nacional seja ouvida fora país, mas para isso, espera colaboração de todos para alcançar este feito.

Cultura -
Kleusa Mery

A cantora são-tomense, Kleusa Mery, disse à RSTP que agora sente-se mais valorizada no mercado musical e que pretende contribuir para trazer uma identidade para São Tomé em termos da música, defendendo a união entre os fazedores desta arte e da cultura nacional para alcançar este objetivo.

Antigamente tínhamos a nossa identidade, mas se reparamos o tipo de música que vamos cantar, estamos a perder a identidade […] acredito que nós ainda não temos uma identidade ou algo que nos identifica, por exemplo, um angolano vem, canta aí um kuduro ou uma Kizomba, agora para o que nos identifica mesmo […], nós temos que tentar definir uma identidade de música, qual é a música que o público são-tomense canta”, explicou a cantora em entrevista à RSTP.

Se o Brasil canta funk, São Tomé canta o quê? Qual é a música que o público jovem canta? Porque nós também temos as nossas músicas tradicionais, isso tudo, mas qual é a música que o público são-tomense canta? Quais são as músicas que podem ser comercializadas fora do país? Porque as nossas músicas, as tradicionais por exemplo, são mais nossas”, acrescentou.

Kleusa Mery acredita que os cantores são-tomenses devem lutar “para ter uma identidade” e fazer com que a música nacional seja ouvida fora país, mas para isso, espera a colaboração de todos para alcançar este feito.

Mery, iniciou a sua trajetória no mundo da música desde 2017 e, ao longo dos anos experimentou vários estilos musicais inclusive o Pop Funk, que não foi bem aceite pela sociedade são-tomense.

Com o passar do tempo, decidiu mudar para um estilo mais nacional, que segundo a mesma vem “contribuir para a evolução e a educação” no país.

“E acredito que esse é o caminho que eu vou seguir, porque é uma imagem bonita que eu vou levar e que eu quero deixar para as pessoas que me seguem”, disse.

Questionada sobre o desenvolvimento da música são-tomense nos últimos anos, Kleusa Mery disse que houve uma grande evolução, sobretudo, para a camada jovem, mas lamentou a perda de muitos artistas devido “o fenómeno da emigração”.

Estávamos a evoluir no mercado da música pelo menos na parte dos jovens e, de repente, perdemos muitos cantores para a diáspora, e acredito que agora temos poucos cantores aqui em São Tomé, não quero dizer que o mundo da música está pobre, temos foco, mas agora temos cantores em qualidade, agora estamos a ter não só ao nível feminino, como também ao nível masculino”, precisou.

São poucos, mas estamos a trabalhar, as músicas que vem lançando agora, estamos a trabalhar em qualidade”, acrescentou.

Kleusa Mery é licenciada em Tecnologia e design de multimédia. Além de cantora, também é empreendedora, e, atualmente, apoia a sua família na venda de peixe, algo que vem exercendo há vários anos após ter regressado de Portugal quando terminou a sua formação.

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