Os casos de cancro de mama tendem a aumentar em São Tomé e Príncipe “em grande proporção” tornando-se uma preocupação para as autoridades de saúde no arquipélago, segundo o coordenador do programa de doenças não transmissíveis, Aleixo Pires.
Em entrevista à RSTP, no âmbito do Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre o cancro de mama, o médico apontou que essa tendência está relacionada, em parte, à melhoria dos diagnósticos, o que pode significar que mais casos estão sendo identificados, além de campanhas de sensibilização para promover a saúde da mulher no país.
“O cancro de mama ocupa o primeiro lugar nas mulheres […] os números de casos têm aumentando porque melhorou-se o diagnóstico, tantos feitos aqui como as amostras enviadas para Portugal, então, aumentou bastante em relação há alguns anos”, disse o médico, Aleixo Pires que avançou que “provavelmente em 2023 houve cerca de 12 ou 13 casos de cancro de mama” o que considera ser “bastante para o país”.
No entanto, a infraestrutura de saúde ainda apresenta desafios, especialmente na capacidade de tratar pacientes antes que precisem ser evacuados para o exterior, como em Portugal, segundo o médico.
Aleixo Pires enfatizou ainda a necessidade urgente de um registo oncológico que possa acompanhar o tratamento e os desfechos dos pacientes, uma ferramenta vital para melhorar a gestão da saúde pública são-tomense.
“Temos de ter também um registo oncológico, porque muitos doentes depois perdem e vão a Portugal, depois ao sabemos qual é o destino, depois as vezes regressam ou não regressam, e ficamos sem saber se acabou de falecer lá ou não, porque muita gente não regressa [ao país], então há problema aí ao nível dos dados, então temos que trabalhar nisso para termos um registo oncológico no país”, referiu.
A combinação de tratamentos tradicionais e uma alimentação saudável é uma das propostas frisadas pelo médico como uma forma de fortalecer a saúde da população.
Pires avançou que o país está neste momento a “concorrer para um fundo do Banco Mundial para as doenças crónicas não transmissíveis e saúde mental”, tendo como uma das propostas “o plano estratégico para medicina tradicional, para ajudar a medicina convencional”.
“A terra é rica e nós devíamos ter menos doença. Eu pelo menos, enquanto estiver de pé, eu vou bater na prevenção [porque] é na prevenção que vamos melhorar“, afirmou.
A conscientização durante o Outubro Rosa é crucial para promover a saúde da mulher e enfrentar essa crescente preocupação com o cancro de mama.