O vice-líder parlamentar do MLSTP, oposição são-tomense, disse que foi hoje espancado, com socos e pontapés, por três militares e um elemento da Unidade de Proteção de Dirigentes do Estado (UPDE), que estavam armados, contra quem disse ter apresentado queixa no Ministério Público.
Adelino da Costa disse que durante a sua participação na manifestação realizada na quinta-feira em São Tomé para exigir justiça no caso de 25 de novembro de 2022, em que quatro cidadãos foram mortos nas instalações das Forças Armadas, com sinais de agressão e tortura, foi fotografado pelo elemento da Unidade de Proteção de Dirigentes do Estado (UPDE), que o seguia.
Segundo o deputado, quando questionou o motivo das fotografias, não teve resposta, pelo que também fotografou o homem.
Na manhã de hoje, o deputado disse que foi informado que os quatro homens estiveram a rondar a sua residência desde a noite do dia anterior e regressaram esta manhã quando ele estava no trabalho.
Adelino Costa disse que regressou a casa e, quando voltou a sair, colocou no bolso a arma que lhe é atribuída como deputado para proteção pessoal, tendo sido cercado pelos quatro homens quando se preparava para entrar no carro.
Segundo ele, os homens o interrogaram sobre as fotografias que fez ao agente da UPDE durante a manifestação, tendo em seguida começado as agressões.
“Eles chutaram-me a mão, puxaram a arma, puxaram carregador. De repente, outro agrediu-me, deu-me socos na cara, outro deu-me pontapé, chutaram-me no chão […] e disseram-me ‘pode dizer ao teu presidente que há mais coisas a vir […], nós militares [é] que mandamos nesse país’”, contou.
O deputado disse que os homens levaram a sua arma de proteção pessoal e que tudo foi testemunhado pela sua mulher, pelo seu irmão e alguns populares, mas ninguém terá filmado devido ao mau tempo que se fazia sentir.
“Será que o país está a caminhar para este abismo? Se os deputados que são altos representantes do povo são agredidos, imagina o povo? […] o Presidente da República tem que dar um sinal claro e dizer basta a isso. Nós não podemos viver num país com medo. Basta o dia 25 [de novembro]”, defendeu.
Acompanhado pelo presidente do MLSTP, Américo Barros e alguns deputados do partido, Adelino Costa realizou exames médicos no hospital central, e depois apresentou queixa-crime no Ministério Público.
A RTP África disse que contactou o responsável da UPDE que disse desconhecer o caso, mas prometeu averiguar e reagir futuramente.