Cerca de catorze são-tomenses foram distinguidos entre as 100 personalidades mais influentes da lusofonia, na edição 2024 (quarta) da iniciativa promovida pela Bantumen para homenagear e celebrar a multiplicidade, excelência e potência de pessoas negras que partilham o português como língua oficial.
Da lista constam figuras de várias áreas, nomeadamente o ativismo social, empreendedorismo, arte e cultura, música, comunicação social, desporto, entre outros.
Os são-tomenses nomeados foram, Abel Veiga, Anjo Delax, Apolinário Zeferino, Conceição Lima, Gorete Semedo, Henos Martins, Hermínia Teixeira, Inocência Mata, Jecilson dos Santos “Leo Boca Copo”, Jerónimo Moniz, José Machado, José Baessa de Pina, Mardginia Pinto e Roldeney de Oliveira.
Abel Veiga é jornalista e empreendedor na área de comunicação digital em São Tomé e Príncipe.
No ano 2000 criou o primeiro jornal digital do país, Téla Nón, um espaço que rapidamente se tornou referência informativa em São Tomé e na Diáspora por estimular a liberdade de expressão e por debater questões que afetam a sociedade são-tomense.
Alterações climáticas e desenvolvimento sustentável são temas que desde então marcam a informação produzida pelo jornalista.
“O jornal digital Téla Nón, tem contribuído significativamente ao longo dos anos não só para informar, mas para formar uma mentalidade crítica nos espectadores dentro e fora do país. O diretor do Jornal Téla Nón e jornalista da RTP África em São Tomé e Príncipe, Abel Veiga foi distinguido pela revista angolana O TELEGRAMA como uma das 20 personalidades do ano 2023, sob a indicação do ex-Presidente da República, Manuel Pinto da Costa”, lê-se no site da distinção.
Anjo Delax, é DJ são-tomense com mais de 20 anos de carreira, reconhecido como um dos melhores de São Tomé e Príncipe. Com uma trajetória sólida tanto em eventos nacionais quanto internacionais, atuou em países como Angola e Portugal, entre outros.
“Ao longo da sua carreira, Anjo Delax expandiu a sua atuação para além da música eletrónica, destacando-se também como cantor, produtor, técnico de som e animador, com presença nas maiores festas e eventos privados do país”, lê-se no site.
Em 2023, celebrou 20 anos de carreira com um concerto especial, que contou com a participação de artistas nacionais de renome e jovens talentos, incluindo Haylton Dias, Mousa Alawi & Leo Boca Copo, DJ Belmix, DJ Josemar, DJ Pedas e DJ White.
Em 2024, Anjo Delax criou o Soya Podcast, um programa que visa dar voz e representatividade a figuras relevantes para o desenvolvimento da cultura e sociedade são-tomense. Além disso, tem participado em debates e conferências, partilhando a sua história de superação na indústria musical e o seu percurso artístico.
Apolinário Zeferino é humorista, ativista social, natural de São Tomé e Príncipe, nasceu a 23 de julho de 1982.
Filho de pais são-tomenses, Apolinário vive atualmente em São Tomé, após ter passado a adolescência e parte da juventude em Portugal.
“Homem multifacetado, é cozinheiro, gestor comercial, organizador e gestor de eventos, humorista, cantor e ativista social. Ao longo da sua trajetória, destacou-se em diversas áreas. No ramo da gastronomia, foi pioneiro no setor de fast food em São Tomé e Príncipe e, atualmente, possui duas roulottes de sucesso no país”.
Conceição Lima é jornalista, poeta e cronista e membro-fundadora da União Nacional dos Escritores e Artistas São-tomenses (UNEAS).
É licenciada (com distinção) em Estudos Africanos, Portugueses e Brasileiros pelo King’s College of London e possui o grau de Mestre em Estudos Africanos, com especialização em Governos e Políticas na África sub-saariana, pela School of Oriental and African Studies (SOAS) de Londres.
Conceição Lima é jornalista da TVS – Televisão Santomense e foi durante longos anos jornalista e produtora dos Serviços em Língua Portuguesa da BBC, em Londres.
“Como escritora, é autora dos livros: O útero da casa, A dolorosa raiz do Micondó e O país de Akendenguê, publicadas em Portugal, São Tomé e Príncipe, Brasil, Espanha, Venezuela, Alemanha e Itália, sendo o nome mais traduzido da literatura são-tomense de todos os tempos, com tradução em alemão, árabe, espanhol, inglês, francês, italiano, checo, servo-croata, turco e galego”, refere o site.
Gorete Semedo é velocista são-tomense. Representou São Tomé e Príncipe nos Jogos Olímpicos de Paris de 2024, como atleta do Clube Atlético da Póvoa. Na competição, terminou em sexto lugar com um tempo de 11 segundos e 43 centésimos, o que não lhe permitiu avançar na prova.
Iniciou a sua carreira no atletismo em 2012, em São Tomé e Príncipe. Aos 15 anos, foi selecionada para a equipa nacional de atletismo, dando início a um percurso marcado pela dedicação e superação. Em 2014, participou nos Jogos da Lusofonia, onde ganhou visibilidade internacional e elevou o nome do seu país.
“Em 2019, através de uma bolsa olímpica do Centro Desportivo Nacional de Alto Rendimento do Jamor, Gorete teve a oportunidade de vir para Portugal. Desde então, integrou o Clube de Fátima e o Benfica, até se juntar ao Atlético da Póvoa, na Póvoa de Varzim, onde se preparou para os Jogos Olímpicos de Paris. Esta foi a primeira vez que o clube contou com uma atleta nos Jogos Olímpicos”, lê-se.
Henos Martins é empreendedor, economista, ativista climático. Licenciado em Economia pela Faculdade de Ciências de São Tomé e Príncipe, Henos é CEO e cofundador da startup Bio Bags Plus, uma iniciativa inovadora que transforma troncos de bananeiras em embalagens ecológicas e diversos produtos artesanais, com o compromisso de gerar impacto socioambiental em São Tomé e Príncipe.
Desde 2022, atua no processamento e gestão de resíduos agrícolas fibrosos, promovendo justiça climática e o empoderamento feminino no país, ao reduzir a poluição ambiental e criar oportunidades económicas para as mulheres locais.
“A sua empresa estabelece parcerias estratégicas para liderar a produção de produtos biodegradáveis, fomentando uma economia circular que beneficia tanto o meio ambiente como as comunidades. Entre os parceiros está a empresa indiana Tass, que trabalha na transformação de produtos na cadeia produtiva da banana”.
Hermínia Teixeira é canoísta, de 20 anos, tornou-se na primeira atleta feminina a representar São Tomé e Príncipe na modalidade de canoagem de velocidade, nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
A jovem atleta, que pratica o desporto há sete anos, foi beneficiada em 2021 com uma bolsa olímpica, concedida com o objetivo de apoiá-la na qualificação e proporcionar as melhores condições de treino para os Jogos. Nas eliminatórias, realizadas no Estádio Náutico em Vaires-sur-Marne, Hermínia terminou em sexto lugar na sua série, com um tempo de 59”44, resultado que lhe permitiu avançar para os quartos-de-final. Nessa fase, terminou em oitavo lugar com um tempo de 1’00”28, sendo eliminada da competição e falhando o apuramento para as meias-finais.
“Antes dos Jogos Olímpicos, Hermínia Teixeira participou em várias competições nacionais e internacionais. A sua primeira competição internacional foi na Itália, seguida pelo Campeonato Mundial de Canoagem de Velocidade Júnior Sub-23, onde alcançou bons resultados e adquiriu experiência. Em Abuja, Nigéria, destacou-se ao conquistar três medalhas de prata, afirmando-se no cenário internacional”, lê-se no site.
Inocência Mata nasceu em São Tomé e Príncipe. É uma ensaísta, professora e investigadora reconhecida pelos seus contributos nos estudos pós-coloniais e nas literaturas lusófonas. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas – variante inglês/português pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), concluiu o Mestrado em Literaturas Brasileira e Africanas de Expressão Portuguesa na mesma instituição.
Obteve o Doutoramento em Letras, com especialização em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, pela Universidade de Lisboa, e realizou um pós-doutoramento em Estudos Pós-Coloniais na Universidade da Califórnia, Berkeley, focando-se em Estudos Pós-Coloniais, Identidade, Etnicidade e Globalização.
“Desde 2014, integra o corpo docente da FLUL na área de Literaturas, Artes e Culturas, sendo membro do Centro de Estudos Comparatistas (CEC/FLUL). Entre 2014 e 2018, lecionou na Universidade de Macau, onde exerceu como vice-chefe do Departamento de Português e diretora de programas de Mestrado e Doutoramento, além de liderar o Centro de Estudos Luso-Asiáticos”.
Jecilson Quaresma Leal dos Santos, conhecido artisticamente como Leo Boca Copo, nasceu a 16 de dezembro de 1984 na localidade de Almas, distrito de Mé-Zóchi, em São Tomé e Príncipe.
É um artista musical e artesão, reconhecido pela sua dedicação à música tradicional e contemporânea são-tomense, bem como pelo trabalho de restauração e transformação de móveis em obras de arte.
Leo iniciou a sua carreira musical em 2004, destacando-se rapidamente no panorama artístico do país. Durante o seu percurso, foi nomeado mais de sete vezes como um dos melhores cantores do ano, e as suas músicas receberam mais de dez nomeações em concursos realizados anualmente pela Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe.
“A sua melodia cativante levou-o a atuar em vários países, incluindo Portugal, Gabão, Angola, França, Bélgica e Holanda”, lê-se no site da Bantumen.
Jerónimo Moniz é jornalista são-tomense, licenciado em Jornalismo Televisivo pela Escola Superior de Comunicação Social e em Comunicação Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) em Lisboa.
Iniciou a sua carreira profissional com apenas 12 anos, apresentando um programa infantil na Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe. Após a sua formação académica, integrou o grupo responsável pelo início das emissões regulares da TVS – Televisão Santomense.
“Com mais de 30 anos de carreira, Jerónimo Moniz ocupou cargos como apresentador, redator e realizador de programas na RTP e na RDP África. Além do trabalho em televisão, também atuou na área do cinema, onde co-realizou o documentário Rosema, uma investigação sobre o enigmático processo judicial da cervejeira Rosema em São Tomé e Príncipe. Co-produziu ainda o filme Serviçais, das Memórias à Identidade, que explora a escravatura pós-abolição na era colonial portuguesa, tendo estreado em festivais internacionais de cinema”.
José Machado é agitador cultural. Mais conhecido como “VUKSILVA”, José da Silva Guedes Machado, nasceu a 27 de outubro, em Conceição, São Tomé.
Possui formação em diversos cursos técnicos, incluindo Frio e Climatização, Eletrónica e Telecomunicações, Multimédia, Marketing e Técnicas de Vendas Diretas. A sua trajetória profissional teve início em Lisboa, numa empresa de telecomunicações chamada Socijam, onde adquiriu conhecimentos em comunicações e técnicas de vendas diretas. No mesmo ano, trabalhou na Fight2grow como técnico de telecomunicações, marketing e vendas, sendo reconhecido como o melhor vendedor do mês em mais de duas ocasiões. Em seguida, ingressou na Alpha Base como chefe de vendas diretas, onde desenvolveu habilidades que mais tarde contribuíram para o crescimento da sua própria plataforma.
“Em 2018, mudou-se para o Reino Unido, onde atualmente reside. Nesse ano, juntamente com alguns colegas, fundou o Agita Santola, o maior portal de divulgação musical, cultural e de entretenimento de São Tomé e Príncipe, onde atua como CEO”.
José Baessa de Pina é ativista e agitador sociocultural. Mais conhecido como Sinho, nasceu em 1976, em Portugal. Afrodescendente, é fruto das raízes espalhadas por Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe e Portugal, resultado das trajetórias familiares marcadas pela fuga à Fome de 47 em Cabo Verde e pelo estabelecimento em diferentes territórios.
“Atualmente, Sinho é vice-presidente da Associação Cavaleiros de São Brás, localizada no Casal da Boba, Amadora. Através deste organismo, tem liderado iniciativas que visam combater as amarras coloniais, o racismo e a misoginia, promovendo o empoderamento comunitário e a criação de espaços para o fortalecimento das comunidades marginalizadas”.
Mardginia Pinto é atriz, ativista social e promotora da cultura são-tomense, com uma paixão pelo teatro que se manifestou desde a infância, tanto na escola como na igreja.
A sua carreira como atriz teve início em 2004, quando participou numa formação organizada na roça de São João dos Angolares (Teia de Arte), em São Tomé e Príncipe, liderada por João Carlos Silva e pelo falecido Nelson Vaz. Paralelamente ao teatro, Mardginia é também professora de francês e esteve sempre envolvida em atividades de promoção cultural e social.
“Mardginia fundou a Caravana Africana, uma associação que promove a união e colaboração em prol das raízes culturais de São Tomé e Príncipe, onde atua também como presidente do grupo teatral Caravana Africana. Além disso, é vice-presidente e cofundadora da Associação Mamã Catxina, colaboradora ativa da Academia de Líderes Ubuntu de São Tomé e Príncipe (ALUSTP) e animadora de teatro na Fundação da Criança e da Juventude”, sublinha.
Roldeney de Oliveira é judoca e primeiro atleta de São Tomé e Príncipe a representar o país na modalidade de judo nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Iniciou a sua carreira no judo em 2016, na Região Autónoma do Príncipe, sob a orientação de André Rosa, treinador e atual presidente da Associação Judo Global de São Tomé e Príncipe. Em 2019, mudou-se para a ilha de São Tomé para continuar os estudos e os treinos. Em 2022, em busca de melhores condições, emigrou para Portugal e integrou o Projeto Ippon na Covilhã, onde obteve o 1º dan e concluiu o curso de treinadores de grau I.
“Em 2023, tornou-se no primeiro judoca a representar São Tomé e Príncipe em competições internacionais, participando em eventos de destaque, como o campeonato africano, os Jogos Africanos, Grand Prix e Grand Slams. Em 2024, competiu nos Jogos Africanos em Accra (R1 -73kg) e nos campeonatos africanos de 2023 e 2024 (R1 -73kg)”.
A POWERLIST 100 é uma aliança entre a BANTUMEN e diferentes plataformas de comunicação lusófonas para homenagear e celebrar a multiplicidade, excelência e potência de pessoas negras que partilham o português como língua oficial, visando ganhar a continuidade através de diferentes atividades e parcerias anuais, como o que acontece com o coletivo Wiki Editoras Lx, que integra a Wikimedia Portugal.
A curadoria da lista é realizada pelo coletivo de jornalistas e produtores de conteúdo das diferentes plataformas de comunicação parceiras, presentes em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Portugal.