A companhia de dança inclusiva são-tomense “ANKA” apresentou no sábado, 07 de dezembro, no espaço CACAU, a performance denominada “Tempo Sem Visão”, numa noite de espetáculo alusivo ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, assinalado no dia 3 de dezembro.
A apresentação foi uma oportunidade para refletir sobre a inclusão e a acessibilidade, destacando a importância de dar visibilidade às pessoas com deficiência na sociedade, por meio da arte e da dança.
“[A performance] é um bocadinho de descontentamento das pessoas com deficiência em São Tomé e Príncipe que de facto, não vêm a luz no fundo do túnel e claro que é esse também o nosso objetivo”, disse a presidente da ANKA, Aida Beirão.
Fundada em 2016, a Companhia de Dança Inclusiva de São Tomé e Príncipe, ANKA, surgiu com o objetivo de sensibilizar as pessoas para a problemática da deficiência no país, sendo considerada uma iniciativa inovadora no arquipélago.
A líder da ANKA afirmou que o grupo tem “tido muito bons resultados” ao longos dos anos, destacando-se pela integração de bailarinos deficientes, jovens e adultos, que juntos promovem a cultura nacional, sobretudo através da dança.
“Queremos chamar atenção das questões que tem a ver com a deficiência, com as dificuldades que os deficientes enfrentam e, por isso que queremos finalizar 3 de dezembro, Dia Internacional das Pessoas com Deficiência desta forma”, disse.
A apresentação foi bem recebida pelo público, que compareceu em grande número para celebrar e refletir sobre os desafios enfrentados por pessoas com deficiência no país e no mundo. Um número que segundo Aida Beirão, superou as expetativas.
“Vieram mais pessoas que podíamos prever. Estamos muito felizes e penso que a mensagem foi passada, e é isso que nos toca e nos impulsiona a continuar, porque parece-nos que efetivamente temos tido bons resultados, as pessoas gostam e nós somos exemplos vivos de que é possível incluir toda gente, que há um lugar para todos e que de facto, o mundo pode ser bem melhor para todos”, referiu.
“Ver aqueles deficientes [a atuarem], foi uma coisa fantástica, [sinal de que eles] também têm alguma coisa para mostrar […], peço que façam mais vezes, levar também as outras áreas mais distantes da capital para terem a oportunidade de ver que há coisas muito interessante, mesmo os deficientes têm muita coisa para mostrar”, disse Luís Viegas, um dos espectadores que marcou a presença neste espetáculo.
O espetáculo “Tempo Sem Visão” surge da parceria estabelecida pela ANKA com a criadora e diretora artística do projeto comunitário “Palavras Deitadas ao Corpo”, Teresa Manjua, que iniciou o trabalho criativo em 2023 com as comunidades na Tailândia e Camboja, prosseguindo agora com a ANKA em São Tomé e Príncipe.
Tempo Sem Visão, permite ao espectador fazer uma viagem por alguns excertos quotidianos, que se inicia à luz da cegueira e que os guia por um percurso perturbador, ousado e ímpar.
O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência sob o lema “Ampliar a liderança das pessoas com deficiências para um futuro inclusivo e sustentável”, foi assinalado no dia 3 de dezembro em São Tomé e Príncipe com o tema “Inclusão sem consciência, é exclusão”, num evento que ficou marcado com a assinatura da Declaração de Compromisso com a Inclusão, uma iniciativa que visa reforçar o compromisso coletivo na construção de uma sociedade mais inclusiva e acessível para todos.
Durante o evento, o Presidente da Federação das Associações das Pessoas com Deficiência, Osvaldo Reis, sublinhou a importância da inclusão, principalmente nos processos de tomada de decisão, e lançou um desafio ao governo para a regulamentação da lei de base das pessoas com deficiências em São Tomé e Príncipe.
No entanto, o Ministro do Trabalho e Solidariedade, Celsio Junqueira, reforçou o compromisso com a resiliência das pessoas com deficiência e destacou que a “regulamentação da lei de base” é um objetivo que o governo “vai tentar concretizar no próximo ano”.
“Vamos fazer todos os esforços juntamente com os parceiros [para que isso se concretize]. É um compromisso aqui declarado, vamos trabalhar para que isso seja pelo menos possível”, garantiu Celsio Junqueira no seu discurso, no evento assinalado no passado dia 3 de dezembro no país.