PR admite que 25 de novembro é “mancha negra” na história de São Tomé e Príncipe

Nos últimos meses, o Presidente da República e o primeiro-ministro, Patrice Trovoada têm visitado alternadamente, por várias vezes, os diferentes ramos das Forças Armadas, deixando mensagens e recados, numa altura em que têm dado sinais de divergências em vários assuntos.

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Carlos Vila Nova

O Presidente da República admitiu que os acontecimentos de 25 de novembro de 2022 constituem “mancha negra” na história são-tomense, numa menagem em que pediu aos militares para estarem alerta para “mentiras e intrigas” que podem “minar” as Forças Armadas e para tentativas de intromissão política que podem enfraquecê-las e criar indisciplina na hierarquia.

“Os valores que norteiam as mulheres e os homens ao serviço desta nobre instituição devem fazer de vós seres imunes às tentativas sistemáticas para forçar um cenário de divisão, de crispação, de criar lados”, disse Carlos Vila Nova num vídeo publicado hoje na página do Facebook da Presidência da República são-tomense.

“Não vos interessa e não nos interessa, porque quando a política entra pelas portas desta instituição, o brio, a bravura e o profissionalismo saem pela janela e a instituição começa a enfraquecer, fica exposta à forças e interesses externos e a indisciplina toma conta da estrutura hierárquica”, adiantou durante a ceia especial de natal com os militares, na segunda-feira.

O chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas, pediu aos militares “muita atenção e muito cuidado com as mentiras e as intrigas”, que podem “ser uma forma de minar a instituição por dentro”.

“As consequências serão fracionamento e enfraquecimento da instituição”, sublinhou.

Nos últimos meses, o Presidente da República e o primeiro-ministro, Patrice Trovoada têm visitado alternadamente, por várias vezes, os diferentes ramos das Forças Armadas, deixando mensagens e recados, numa altura em que têm dado sinais de divergências em vários assuntos.

Durante o discurso, Caros Vila Nova aproveitou para deixar mais recados, numa altura em que o primeiro-ministro está, uma vez mais, ausente do país, em visita privada, sem anunciar data de regresso.

“Mais uma vez nós estamos aqui, vocês e eu. Os mesmos protagonistas de sempre desde 2021, vocês e eu. A minha presença tem sido constante, e isto eu chamo de espírito de camaradagem. Eu chamo isso capacidade de partilhar e viver em comum. Eu chamo isso capacidade para construir relacionamentos e alguns deles para a vida”, declarou Vila Nova.

Carlos Vila Nova, que está em funções desde outubro de 2021, relembrou que a única vez que não participou na ceia de natal com as Forças Armadas foi em 2022, ano em que ocorreu uma alegada tentativa de golpe de Estado, em 25 de novembro, que culminou com a morte de quatro homens, que foram espancados até à morte quando estavam sob custódia dos militares.

“Lamentavelmente, constitui uma mancha negra na história do nosso país. E também aqui [no quartel] porque foi aqui que aconteceram coisas que nos mancharam. Então vamos todos trabalhar para resolvermos essa mancha negra que nos mancha a todos”, disse Vila Nova.

Até ao momento, não foram a julgamento mais de duas dezenas de militares, incluindo altas chefias, acusados pelo Ministério Público pelo envolvimento na morte dos quatro homens.

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