Médico que apoiou a transferência de Elisabete para Portugal foi detido porque o processo era ilegal

A menina Elisabete que esteve em São Tomé após mais de seis meses de espera, deixou o país na noite de domingo, 29 de dezembro, no voo da TAP, acompanhada pela mãe e chegou nas terras portuguesas na manhã de segunda-feira, 30, aonde está a ser acompanhada num hospital especializado, em Coimbra.

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O médico são-tomense Wilson Pereira, foi detido e depois libertado, pela Polícia de Segurança Pública (PSP), pela participação no processo de transferência da menina Elisabete para Portugal, anunciou o próprio, que admitiu saber que “iria ser detido” porque “já sabia que a evacuação era ilegal”, mas fê-lo para que ela “tivesse um tratamento mais especializado”.

Na verdade, desde o início desse processo que sabia que iria ser detido. Não vos disse nada para não vos preocupar. Quando escolhi evacuar a ‘princesa’ [Elisabete] já sabia que a evacuação era ilegal. Decidi fazê-la para que a nossa princesa tivesse um tratamento mais especializado. Ela merece, depois de ser barbaramente violentada“, escreveu o médico, numa publicação, na segunda-feira, dia em que a Elisabete chegou em Portugal.

Em causa estará o facto de a Elisabete ter tido uma “junta médica para Portugal rejeitada anteriormente“, o que Wilson Pereira disse que desconhecia.

A menina Elisabete foi instalada no Hospital Pediátrico de Coimbra para tratamento, por consequência da violação aos 16 anos de idade, por homens que até ao momento não foram capturados pelas autoridades são-tomenses.

Inicialmente rejeitaram a nossa princesa. Mas depois eu pedi uma reunião com os membros do concelho de administração do hospital e diretores de serviço, e exigi que ela fosse aceite. Rejeitaram novamente. Já sem forças, bati a mão na mesa e ameacei-lhes que iria colocar um processo contra o hospital no tribunal europeu. Abandonei a sala da reunião em direção a ambulância e eis que alguém me chama e diz, aceitamos“, contou.

Relativamente a sua detenção, Wilson Pereira garante que foi “muito bem tratado pela Polícia de Segurança Pública”.

Eram 8 agentes da polícia que depois de ouvir o que lhe disse, só me disseram o seguinte: temos que levantar o ato de notícia, porque se não a coisa sobra para nós. Mas temos um grande orgulho de ti. Porque o estado em que vimos a menina é lastimável. Temos vergonha em saber que Portugal tinha rejeitado inicialmente a miúda. Processualmente vamos te apoiar porque tu mereces, apesar da evacuação ilegal em que participaste“, lê-se na publicação.

A menina Elisabete que esteve em São Tomé após mais de seis meses de espera, deixou o país na noite de domingo, 29 de dezembro, no voo da TAP, acompanhada pela mãe e chegou nas terras portuguesas na manhã de segunda-feira, 30, aonde está a ser acompanhada num hospital especializado, em Coimbra.

Em São Tomé, dezenas de cidadãos foram despedir-se da menina e enviar-lhe energias positivas neste início da nova fase de luta pela sobrevivência. No aeroporto Nuno Xavier, antes de deixar o país, a mãe não escondeu a satisfação.

Estou muito feliz, agradeço a Deus por ter feito tudo pela Elisabete [também] muitas pessoas que têm feito orações. Agradeço o país todo”, disse a mãe hora antes de deixar o país.

A transferência da Elisabete para Portugal foi graças a iniciativa de um grupo de cidadãos, sob o impulso do ativista social, Apolinário Zeferino, conhecido por Pindó, que lançaram uma campanha de angariação de fundos e pressão social para garantir toda a logística para a viagem da princesa Elisabete em busca de solução e uma vida nova, fora de São Tomé.

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