Orlando da Mata garante que “muitos membros da ADI” apoiam o novo Governo de Américo Ramos

A coligação Movimento de Cidadãos Independentes-Partido Socialista/Partido de Unidade Nacional (MCI-PS/PUN), com cinco deputados e acordo de incidência parlamentar com a ADI, também declarou “todo apoio” ao novo Governo “para o bem” de São Tomé e Príncipe.

País -
Rádio Somos Todos Primos

O vice-presidente da Ação Democrática Independente (ADI), Orlando da Mata,  disse hoje que “muitos membros” com função de relevância no partido apoiam o novo Governo são-tomense, que é contestado pela direção da ADI liderada pelo ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada.

“[Este Governo] conta com apoio de muitos membros da ADI que têm uma função de relevância e que puseram acima de tudo o país” declarou Orlando da Mata, no final da cerimónia de posse dos membros do 19.º Governo de São Tomé e Príncipe.

Na segunda-feira, a direção da Ação Democrática Independente, vencedora das últimas eleições de São Tomé e Príncipe, rejeitou o nome de Américo Ramos como primeiro-ministro escolhido pelo Presidente da República, Carlos Vila Nova, e acusou o chefe de Estado de “golpe de Estado palaciano”.

“Esta nomeação está ferida de grosseira e irreparável inconstitucionalidade, não tendo, por isso, qualquer validade ou efeito na ordem jurídico-constitucional são-tomense. Não se está perante um primeiro-ministro e chefe de Governo do ADI ou por ele indicado, bem como o Governo, eventualmente constituído, não será jamais um Governo do partido ADI”, indicou o partido em comunicado lido pelo seu porta-voz, Alexandre Guadalupe.

Com a posse do novo Governo, em cerimónia marcada pela ausência de representantes oficiais da ADI, Orlando da Mata, que disse ter estado a título individual, enquanto convidado, defendeu que o partido precisa analisar a situação a nível interno e posicionar-se “enquanto maior partido político do país”, colocando à frente “os interesses do país e não interesses pessoais de um ou outro”.

“O importante hoje é nós defendermos o que achamos principal para o bem-estar do povo são-tomense. Não podia existir esse vazio e este vazio foi ocupado por alguém da ADI, que todos nós conhecemos a competência e os cargos que já foram ocupados”, disse o segundo vice-presidente do partido.

Além do primeiro-ministro, o XIX Governo são-tomense é composto por 10 ministros, seis homens e quatro mulheres, e quatro elementos fizeram parte do executivo anterior, liderado por Patrice Trovoada.

“Hoje nós temos uma figura da ADI [Américo Ramos] no poder, nós temos um elenco maioritariamente da ADI com algumas áreas estratégicas […] nós vemos um Governo competente e que irá ter muito apoio, não só dentro da ADI como fora”, disse Orlando da Mata.

A coligação Movimento de Cidadãos Independentes-Partido Socialista/Partido de Unidade Nacional (MCI-PS/PUN), com cinco deputados e acordo de incidência parlamentar com a ADI, também declarou “todo apoio” ao novo Governo “para o bem” de São Tomé e Príncipe.

“Nós estaremos sempre prontos para apoiar e avançar”, disse o deputado e porta-voz do MCI-PS/PUN, Hélio Lavres.

Os partidos da oposição, que até à nomeação de Américo Ramos defendiam que deveria ser a ADI a indigitar o chefe do Governo, também garantiram apoio parlamentar ao novo executivo.

“Reafirmamos o nosso apoio, tudo que for possível para viabilizar a ação deste Governo, dentro dos marcos definidos pelo primeiro-ministro, pelo Presidente da República e por nós também”, disse o coordenador do Movimento Basta, Salvador dos Ramos, com dois deputados no parlamento.

O Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), com 18 deputados, também reafirmou o apoio ao novo Governo em prol da “estabilidade governativa e de legislatura, defesa dos interesses da população e o bem-estar, diálogo e o reforço do Estado do direito democrático”.

“Tudo que vier em benefício da população no quadro do diálogo, o MLSTP dará essa contribuição, tudo que nós também entendermos que não corresponde aquilo que são as expetativas da população o MLSTP tornará público”, disse o vice-presidente do MLSTP, Arlindo Barbosa, prometendo “uma oposição construtiva”.

O novo primeiro-ministro são-tomense foi por duas vezes ministro das Finanças (2010-2012 e 2014-2018) de governos do ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada (ADI), secretário-geral da ADI e até aqui Governador do Banco Central de São Tomé e Príncipe.

Américo D’Oliveira dos Ramos, hoje empossado primeiro-ministro, prometeu governar com o foco exclusivo no bem-estar do povo, priorizando a melhoria da saúde, eletricidade e educação, e combater o ódio, perseguições e vingança que dividem os cidadãos.

O Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova, demitiu o 18.º Governo liderado por Patrice Trovoada em 06 de janeiro, apontando “assinalável incapacidade” de solucionar os “inúmeros desafios” do país e “manifesta deslealdade institucional”.

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