A adolescente Elisabete Bom Jesus, faleceu hoje no Hospital Pediátrico de Coimbra, Portugal, onde estava em tratamento médico desde finais de dezembro, após ter sido violada aos 15 anos, por homens que até ao momento não foram capturados pelas autoridades são-tomenses.
“A nossa princesa partiu, mas deixou-nos um legado, o legado da união, o legado do bem-estar comum, o legado de que nós podemos juntos lutar para vencermos estas batalhas que nos vai batendo as portas […] hoje nós perdemos a nossa princesa, mas não vamos nos curvar“, declarou o ativista social Apolinário Zeferino que apoiou na transferência da menina para Portugal.
O ativista social agradeceu o esforço de todos que contribuíram para a transferência da menina para Portugal, e voltou a apelar pela união, sobretudo para confortar o coração da mãe que neste momento sofre com a perda da filha.
“Nós demos todo o nosso melhor, nós colocamos toda a nossa fé, pedimos auxílio ao Pai e devemos agradecer ao Pai por tudo quanto Ele fez por nós e pela princesa […] todos aqueles que abraçaram a causa da princesa Elisabete, não fiquem triste porque nós abraçamos de coração”, apelou o ativista social.
“Nós demos o nosso melhor quando aquilo que é o sistema do Estado a rejeitou, nós demos o nosso melhor quando aqueles que deveriam lutar por ela desistiram e abandonaram e mandaram para casa, nós demos melhor quando todo sistema político estava no poder fez questão de abandoná-las”, acrescentou.
Segundo Pindó, o funeral da adolescente será realizado em Portugal, numa data a indicar posteriormente, pela família e pela organização que acompanhou a menina durante todo o processo.
“São Tomé está fora de questão, porque ela quis ir para aquele território, então é aquele território onde ela deve ficar“, declarou Pindó, enquanto falava ao telefone com advogada são-tomense, Celiza Deus Lima, que também acompanhou o processo.
Em São Tomé, a menina ficou semanas em coma no hospital Ayres de Menezes, e os médicos declararam que o seu quadro de saúde não tinha solução e mandaram-lhe para casa. Embora em casa, sem o acompanhamento médico, a mãe contou que a menina estava melhorando.
“Elisabete está a evoluir, desde que eu saí do hospital, ela não comia na boca, mas [agora] toma um bocado de sopa na boca, ela veio toda magra, mas Deus já colocou a mão na Elisabete”, contou a mãe em declarações à RSTP em dezembro, antes da transferência da menina para Portual.
A transferência da Elisabete para Portugal aconteceu graças a mobilização de muitos cidadãos, particularmente do ativista social, Apolinário Zeferino, mais conhecido por Pindó, que lançou uma intensa campanha de angariação de fundos e apoios, e conseguiu mais de 13 mil euros.
Já em Portugal, o caso ficou marcado por uma polémica, que também se tornou num caso de polícia com a detenção e abertura de processo contra um dos envolvidos no processo de transferência da Elisabete.
As autoridades portuguesas acusam Wilson Pereira de ter feito falsa declarações por ter se apresentado como médico.
No início deste ano, a então ministra da Saúde e dos Direitos da Mulher, Ângela Costa demarcou-se da campanha que levou à sua transferência para tratamento em Portugal, porque os médicos concluíram que ela deveria “continuar no país, com os cuidados paliativos”.
“Quando nós recebemos a Elisabete no hospital central, os nossos profissionais fizeram todos os estudos que deveriam fazer, fez-se o scanner, trocou-se os resultados com a equipa médica portuguesa e através disso [telemedicina], a equipa médica portuguesa juntamente com os nossos, chegaram a conclusão de que a sequela que deixou o ocorrido à Elisabete, que a menina deveria continuar no país, com os cuidados paliativos”, referiu Ângela Costa na altura.
A ministra da Saúde assegurou que a parte são-tomense fez tudo que esteve ao alcance para dar o melhor tratamento à, admitindo possível intervenção do Governo, apenas se o diagnóstico de saúde da menina melhorar em Portugal.
“Nós já fizemos tudo. Agora se no caso Portugal […] chegar a conclusão que é um outro diagnóstico e não o primeiro que deram […] se está dentro do parâmetro para o benefício da junta, nós poderemos ajudar […] mas eles [médicos portugueses] já foram bem claros que os cuidados continuados a Elisabete não terá dentro do protocolo que nós temos com Portugal, porque ela quando saiu daqui já estava bem claro quanto a essa situação”, relatou.
Elisabete deixou o país no dia 29 de dezembro, onde dezenas de cidadãos foram despedir-se da menina e enviar-lhe energias positivas neste que era o início da nova fase de luta pela sobrevivência.